A tragicomédia é obra dramática que simultaneamente tem elementos de tragédia e de comédia. O gênero é resultante da mistura de acontecimentos trágicos e risíveis.
Na literatura mundial sua aparição ocorreu na obra de Aristóteles, Poética. Onde há aproximação entre a comédia e tragédia, apontando que os dois gêneros servem-se dos mesmo metros, cantos e ritmos. É possível que Plauto, um dramaturgo romano, tenha sido provavelmente o pioneiro em usar a expessão, traduzindo-a como gênero híbrido de tragédia e comédia.
O estilo tragicômico é muito presente tanto em tragédias gregas como nas romans. E, em Alceste, de Eurípedes, onde o autor apresenta leve tom humorístico, mas, em função do final feliz, é encarada por muitos críticos como uma tragicomédia e também como drama satírico.
No Renacimento inglês foi bastante utilizado o estilo, particularmente, no teatro elisabetano. E, está presenta nas peças como A Tempestade e o Rei Lear de Shakespeare. Através do uso da comicidade e de ironias, acrescentava-se muita riqueza de significados.
Em França, seu introdutor foi Robert Garnier, e seu estilo foi considerado moda no século XVII, mas ainda não tinha sido difundido com clareza. Tanto que gradualmente, os artigos foram aderindo às regras do teatro clássico em suas peças.
Porém, o gênero híbrido tinha alguns problemas com parte do público. E, após inúmeras críticas negativas, a peça El Cid1, de Corneille, precisou mesmo ser reescrita para apenas passar a ser uma tragédia.
Vitor Hugo foi um escritor habilidoso e que conseguiu situar-se entre o grotesco e o sublime. Acreditava que o humor não tiraria a profundidade dramática das peças só começou a ser aceita apenas no século XX, quando se iniciou o teatro do absurdo, que tratava a realidade de forma criativa e inusitada.
Atualmente, vivenciamos no cenário político brasileira a mais autêntica tragicomédia, enquanto o governo se esforça em produzir bizarrices em série, o número de óbitos ultrapassar a meio milhão, e a CPI da Covid a descobrir não apenas a dolosa negligência e o franco negacionismo, mas igualmente, a velhusca corrupção e prevaricação. Não sei se choro ou morro de rir...
1, Dividido entre o amor de Chimena e a honra do pai, Rodrigo escolhe defender o pai. Essa decisão causa uma ruptura entre os dois enamorados, e Chimena pede a cabeça de Rodrigo. Enquanto isso, Rodrigo vence os mouros no campo de batalha e obtém reconhecimento do povo, que lhe dá o título de “El Cid”.