Cadeiras acanhadas encostavam em paredes em tom desmaiado de azul. Estiveram cianóticas e eram testemunhas da tragédia cotidiana de um casamento fracassado. Respirava-se a tensão que esticava ainda pairava no ar e, ainda, uivava pelos ventos que escapavam pela janela. Manoel era um marido ciumento e desconfiado tanto da aparente felicidade como da pungente vaidade da esposa, que se chamava Clarissa. No mês anterior, Clarissa pedira a Manoel que desejava trabalhar, pois era professora, tendo
o curso normal completo. E, a escola municipal situada praticamente na esquina da casa, precisava urgentemente de professoras. Manoel negara o pedido, afirmava que a casa tinha muito serviço, como o de limpeza, o de cozinhar, e cuidar das roupas deles, principalmente, das roupas de linho que teimavam que não ficarem adequadamente passadas. Clarissa era de uma infelicidade comovente. Seus olhos invariavelmente lacrimejantes, rogavam por socorro. Mas, tudo era perfeitamente normal. O marido autoritário e ciumento que era o patrão e dava todas as cartas. Um dia, Clarissa decidira se suicidar. Procurou um médico, reclamou da depressão e de insônia e, então, o doutor prescrevera muitos barbitúricos. Que foram comprados e guardados como se fossem o maior tesouro da terra. Manoel parecia feliz e contente com sua família, mulher e, casamento. Clarissa se sentia , a última das criaturas, limpava a casa com esmero, mais parecia um hospital. Insetos eram proibidos. E sujeiras também. Clarissa não desejva filhos e, tomava o anticoncepcional às escondidas de Manoel, bem como, os inúmeros barbitúrios... Um dia... sob o torpor dos remédios, conseguira sentir uma liberdade inédita. Nem sua alma estava presa ao corpo. Pairava e flanava completamente dispersa, passeando pelo céu junto com as andorinhas.