"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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Em todo reino animal, existem dor, medo, morte e doenças. E, até o extermínio. Porém, a crise é exclusivamente humana, os outros animais não a conhecem. Animais são organismos que pertencem ao Reino Animalia, igualmente denominada de Reino Metazoa. Não é poque estamos no mesmo reino, no entanto, que todos os animais são iguais.  A espécie humana não é melhor ou pior que as demais espécies, apenas é diferente, e precisamos viver em harmonia com os animais existentes.
Nossa forma de caminhar, a capacidade de se reconhecer no espelho (se bem que os chimpanzés, golfinhos e elefantes também possuem a mesma capacidade). O pensamento também não é exclusivo do ser humano, revelam os estudiosos contemporâneos.
Os filósofos gregos buscaram durante séculos a definição exata do que seja um homem, sendo a mais conhecida a que o descreve como "um bípede implume" (duas pernas e sem penas). Diógenes passou o dia a pensar, e teve a ideia de roubar uma galinha, dirigindo-se à escola de Platão, despenando o pobre galináceo até chegar, lança-o ao meio do salão e exclama apontando: – "Um humano! ! Um humano! ! – Um bípede sem penas!"
Depois de todos rirem, Platão constrangido, finaliza: – "O homem é um bípede sem penas, de unhas chatas".
Diógenes buscava um homem que tivesse encontrado a sua verdadeira natureza, que vivesse conforme esta e, que fosse feliz. Por isto, é sempre representado segurando uma lanterna, a iluminar a sua busca.
Enquanto que Aristóteles afirmou que o homem é o animal racional. Essa definição vale para ambos os sexos, pois ambos são racionais, obviamente.
Para o ser humano, tudo que acontece tem um significado.
Um significado vai muito além da semântica. É valor perante a existência e a consciência de finitude. Vivemos em refletir, a interpretar e a sofrer seja antes, durante e, depois, de cada acontecimento. Mas, a solução se encontra exatamente dentro de nós mesmos.
Aliás, como disse Sêneca: "é o poder da mente ser indomável". O que corresponde a base principal do estoicismo. O estoicismo foi fundado por Zenão de Cítio, em Atenas, há 300 antes de Cristo, e conheceu sua era áurea com Sêneca, o jovem e Epicteto, o escravo e Marco Aurélio, o Imperador Filósofo. O estoicismo explica muito bem o comportamento humano perante as adversidades. Para os estoicos, todas as emoções negativas e destrutivas tais como ansiedade, angústia e arrependimento são oriundas da falta de sabedoria.
Os estoicos afirmavam que "o sábio é imune ao infortúnio". Ainda Sêneca nos ensina apontando que nenhum homem é sábio por mero acaso. Exige-se preparo, estudo e, principalmente, muita dedicação, é mais provável que nossa mente seja domada do que o contrário. Enfim, vige um constante embate dentro de nós mesmos. Do que adianta sofrer, quando algo sai diferente ou até oposto do que foi planejado?
Do que adianta sofrer, por algo que sequer temos controle?
Os estoicos separam o mundo em duas categorias, a saber: o que você pode controlar e o que você não pode controlar. Tal divisão é chamada de dicotomia do controle. Podemos controlar o como reagimos aos acontecimentos, mas nunca os acontecimentos em si.
O Imperador filósofo, Marco Aurélio escreveu: "Se é tolerável, então tolere. Não reclame".
A imensa maioria dos nossos sofrimentos advém de coisas toleráveis, mas que não queremos ou não conseguimos aceitar. Ironicamente, tal recusa só faz aumentar o sofrimento humano. E, assim, o Imperador filósofo ainda complementa: "Muito mais dolorosas são as consequências da raiva do que as suas causas". Isto se aplica à qualquer emoção destrutiva.
O que importa, não são os que as pessoas dizem, e sim, como elas agem. Epicteto ainda enunciou: "Não explique a sua filosofia. Incorpore-a".
Dos três sábios estoicos, Sêneca foi o mais didático e prolífero enquanto que Marco Aurélio foi o mais enfático e rigoroso e, Epicteto é considerado o mais estoico dos estoicos.
Foi o precursor do Amor Fati, amor ao destino que corresponde ao ato de amor as coisas conforme estas vieram até nós. Tanto as coisas presentes como as futuras. Sejam boas ou ruins.
Afinal de contas, somos nós mesmos que interpretamos e, concluímos, sobre o que seja bom ou ruim. Os estoicos propuseram muito além de aceitar o destino e, sim, amar o destino.
Tudo pode parecer um caos, mas analisemos, o universo segue se expandindo, a Terra prossegue girando, o ar circulando, sol brilhando, as chuvas ocorrendo, os rios e mares correndo e, os animais seguem indiferentes a qualquer pandemia.
O caos está inteiramente dentro de nós mesmos, no modo como vemos as coisas. Se precisamos, enfim, entrar numa guerra, melhor será que estejamos preparados e fortalecidos e, não, acuados. O pior da guerra, é o próprio medo da guerra, ensinava Sêneca.
Afinal, isso tudo há de passar. Por isso, é importante usar máscara, evitar aglomeração e, principalmente, higienize-se com álcool em gel e, guarde o distanciamento social. Tempos difíceis criam homens fortes. Sobreviveremos. Guardem o aprendizado. Eis, aí o grande êxito! Ser sobrevivente e aprendiz.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 05/06/2021
Alterado em 05/06/2021
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