A vida é uma senha que, aos poucos, vamos decifrando. Quando estamos quase desvendando todo o enigma, eis que surge a morte. A morte não significa o fim dos afetos, nem o apagão da consciência e registros infindos na nossa existência. A morte nos ensina que ainda é preciso sobreviver. Que ainda é preciso aprender a aprender.
Com o silêncio, com o sibilar dos ventos, com a tosse, com a doença, com o vírus e, por de trás das máscaras proteger-se. Hoje é um dia doloroso para mim. Viver o luto. Vestir o luto e, o silêncio adornado de flores. De saudades e de laços que jamais se desfazem. Nem com a morte. Nem com o infinito em chamas por causa da tarde que ia morrendo...
Dizer adeus ao corpo da companheira e filha depois de vinte anos, desafia a lógica. Desafiar a morte significa sobreviver, e aos poucos, só nos resta o essencial. Que Saint-Exupery já dizia que era invisível aos olhos, mas jamais ao coração. Quando amamos alguém, essa pessoa será para sempre única no mundo. Pois aquele afeto, aquele vínculo se constrói na batalha diária dos dias e noites.
Nas mil e uma noites havia o gênio da lâmpada, a nos permitir três desejos. Pois lá vai: vá em paz, pelo um caminho de luz, e se puder, ilumina o meu para errar menos e, entender mais todas as senhas da vida. Ou pelo menos, respeitar aquilo que não nos é dado a entender ou preconceber.