Não cases em maio. Enfim, era desaconselhável o matrimônio, nesse mês, apesar de ser o mês de Maria e das flores. Era a tradição frequente nos países de ascendência latina. Até o princípio do século XX, maio era a época que registrava o menor número de casamentos. Dizia-se em França: Mariages en Mai, Mariages mauvais. Traduzindo: Casamentos emMaio, casamentos do mal.
Enfim, nas noites de 9, 10 e 11 de maio se comemoravam em Roma as Lemúrias, a oblação aos espectros, lêmures familiares. Então, templos, tribunais e mercados não funcionavam. Era sinistro aniversário do fratricídio de Remo por Rômulo. Careciam-se de cerimônias pacificantes do fantasma terrível. Todas as famílias, repetiam as oblações noturnas, afastando as sombras apavorantes dos antepassados.
Registram-se que somente três Reis portugueses casaram em maio, o atribulado Dom João VI, 1785, Dom Pedro V, que ficou viúvo quatorze meses depois e, Dom Carlos I, em 1886, assassinado em 1908. No Brasil, os dois imperadores evitaram o malsinado mês, para eles próprios e suas respectivas filhas, exceto a que se tornou princesa de Joinville, a irmã de Dom Pedro II, renegando a tradição de cinquenta e cinco anos de união feliz. Maio, amar sem casar!
Referência:
CASCUDO, Luís da Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. Rio de Janeiro: Funarte, 1997.