É verdade que ter a noção de finitude é dolorida. Um dia, não estarei mais aqui. Não me apropriarei das palavras com minha fonética e lirismo peculiares. Um dia, as linhas que minhas mãos esculpiram, não pautarão os sentidos ou as semânticas práticas ou dadaístas. Um dia, não brigarei mais, não mostrarei indignação ou raiva. Não ficarei rubra, nem minhas faces irão traduzir minha alma incendiária e rebelde. Um dia, meus pés não conhecerão novos caminhos e, os passos serão legados arremessados no passado e no turvelinho dos ventos. Um dia, as ofensas que ouvi, os impropérios que sorvi e, toda sorte de vilanias e grosserias deixarão de marcar minha memória. E, será apenas uma lembrança leve e suave de uma professorinha que se esforçava para os alunos aprenderem. Para que não desistissem, para que tivessem empatia e resiliência. Um dia, minha alma estará plena e se descansará no horizonte durante o pôr-do-sol e, todos os tons amarelos, ocres, laranjas e vermelhos se fundirão e, levarão-me para eternidade. E, lá haverá um novo drama. O vilão não será tão mau. O mocinho não será tão bom, todos serão apenas humanos, falhíveis e, passageiros. Pois, tudo passa, até os dramas.