Havia uma nuvem de poesias
densa e branca sobre minha cabeça
As rimas dançavam e riam
Do burlesco e cruel cenário.
Pessoas, lá fora, morrendo como moscas.
Moscas, lá fora, eternizando a putrefação.
Isolada e restrita.
Evito sair.
Evito pensar.
Evito respirar.
Não devo comer peixe.
Há perigo em tudo.
Em qualquer coisa ou instante.
Não aguento mais,
ouvir sobre a pandemia.
Sofro de anemia.
Faltam-me os nutrientes da alma.
Falta-me a trivial alegria.
Agarro-me à nuvem poética.
A balbuciar músicas, cânticos
e alguma esperança.
Sonhando quando tudo for história.
E, eu mera prosódia.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/03/2021