A realidade é subjetiva. A teoria é como uma espécie de óculos para ver a realidade. Assim, conforme a teoria, podemos ver ou não determinados aspectos nessa mesma realidade.
Precisamos nos equipar mais adequadamente, para enfim, conseguir decodificar a realidade. Uma vez que realidade não pode ser experenciada em si, sendo mediada pelo discurso. Portanto, se não existir a palavra, consequentemente, não existirá a realidade.
É incrível como o mesmo grupo de pessoas percebe a mesma realidade das mais diferentes formas. Por isso, a leitura e a decodificação da realidade passam obrigatoriamente por um filtro subjetivo.
O que levou tanto Freud como Lacan a concluir que a nossa formatação enquanto sujeito está mediada pela linguagem. À medida que o sujeito se insere na realidade através do discurso.
Enfim, há a primazia do discurso que se traduz como poderosa ferramenta de mediação da realidade e através da qual acessamos a percepção e a apreensão da realidade.
Afinal, construir um discurso é espécie de terapia de como lidar com essa mesma realidade. É impressionante, por exemplo, que certos idiomas não possuem uma palavra para designar a cor azul (é o caso do grego antigo) e, por não haver a palavra azul, ipso facto, não existe a percepção da realidade como azul. Traduzindo assim, uma forma diferente de se apropriar da realidade.
Um famoso filólogo chamado Lazarus Geiger conduziu uma pesquisa interessante, analisando diferentes textos em diferentes idiomas e, concluiu que seríamos incapazes, mesmo depois de minuciosa descrição da realidade de afirmar que o céu é azul, pois na totalidade dos idiomas pesquisados pelo filólogo, não havia a palavra "azul".
Diversas experiências foram feitas com idiomas distintos e mostraram a concreta dificuldade de se apontar as diferenças entre cores presentes na realidade.
Desta forma, quando não temos a palavra para descrever certa realidade, possuímos igualmente a mesma dificuldade para entender a realidade. Até que um conceito seja comum, encontramos dificuldades em entender a realidade. É possível mesmo visualizar a realidade, porém, não conseguimos entender essa mesma realidade.
Daí, é pertinente o questionamento trivial, sobre se você sabe realmente o que você está vendo ou presenciando? O que nos leva ao ponto distintivo entre ler uma notícia e entender a notícia em seu real significado. Afinal, você decodificou? Novamente, somos desafiados pela esfinge: decifra-me ou te devoro!
O presente texto vem exaltar a importância de se entender o que é humano, o que vem a ser humanidade e, reconhecer a imprescindibilidade da dignidade humana.
É através das Ciências Humanas que conseguimos formar e expandir nossa consciência do que seja humano e como esta se apresenta em culturas, locais e pessoas diferentes. Por essa razão, que a humanidade é constantemente eleita para ser o primeiro alvo preferido de ataque pelos governos totalitários.
No fundo, o debate sobre a realidade objetiva e subjetiva direciona-se em saber: se a realidade existe ou não. Cumpre explicar que realidade subjetiva e realidade mental não são sinônimas. Pois, a mental é o ponto de vista que o sujeito parte dos conceitos da realidade objetiva e intelecção que analisa os fatos objetivos presentes na realidade objetiva
Porque a realidade subjetiva é absolutamente dependente do sujeito, é como se produzisse a realidade, num tipo de solipsismo, e que não houvesse um referencial concreto e sólido. Com a realidade objetiva, você aceita que a realidade existe, que a verdade (tida como elemento condizente com o que se verifica na realidade) também existe bem como a lógica (e seus princípios) existe.
Enfim, formamos uma realidade coesa. Pois, se acreditarmos apenas na realidade subjetivo, concluiríamos que a realidade é diferente para cada um, implicando em não haver realidade, já que esta dependeria da mente do indivíduo, sem nenhum referencial.
O grande paradoxo da realidade ou verdade objetiva afirma que a realidade ou verdade para serem provadas objetivamente, devem permanecer assentes após hipotética sucumbência de todos os seres humanos.
É controversa a noção de que não exista uma verdade objetiva. A noção de sua não existência é um princípio filosófico chamado solipsismo.
Questionar as lentes através das quais temos enxergado a realidade é imperioso, para se ter uma visão crítica do mundo. Principalmente, para deixarmos de ser manipulados ou simplesmente sabotados pela política totalitária contemporânea.