Fiz meu doutorado em São Paulo e, como carioca estranhava muita coisa que via e que ouvia. O sotaque paulista, por vezes, é extremamente engraçado. Mas, eu não ria temendo ofender. Certa feita, depois de uma saraivada de exposição de trabalhos no doutorado, um grupo de colegas me convidou para ir jantar e conhecer o Clube das Mulheres. Por ser idiota, inocente e antissocial, não fazia a menor ideia o que seria... Então, uma colega do tipo paulistana desvairada me perguntou sério: - Você lá no Rio já foi nesse Clube, não é? Meio constrangida, atalhei:- É claro, vou quase todo fim de semana... Quando cheguei no dito lugar, comecei apavorar-me... E, aí tardiamente percebi que se tratava de um lugar de stripers masculinos... Logo no começo, corei tanto que parecia que estava com sarampo... E, aí um rapaz vestido de bombeiro, dançava efusivamente. A música era You can Leave Your Hat On. E, de repente, puxou as calças e ficou apenas de sunga mínima... igualmente vermelha...quase uma irmã gêmea... E, aí olhei para colega e, justifiquei: - Olha, eu nunca fui num lugar destes em toda minha vida. Era uma vez, e acabou... Então, ela riu e, disse: - eu percebi. Mas, você não é uma carioca descolada... Sim, sou absolutamente adesiva, confessei envergonhada. Situações assim sempre embaraçam muito, de modo que as evito de todas as formas possíveis. Afinal, não sei mesmo lidar com certos ambientes e nem com certas pessoas. Faltam palavras e até pensamentos. Enfim, era um clube bem estranho.