Na mitologia grega, os deuses Apolo e Dionísio são ambos filhos de Zeus(deus dos deuses). Apolo é o deus da razão e racional, enquanto que Dionísio é o deus da loucura e do caos. E, os gregos não consideravam os dois deus como opostos nem rivais, embora, por vezes, as divindades apresentavam-se entrelaçadas por natureza. O lado apolíneo é o lado racional e lógico, ao passo que o lado dionisíaco é o do caos e apela muito para emoções e os instintos. E o enredo de todas as grandes tragédias sempre foi baseada na tensão criada na interação desses dois lados. O notável Nietzsche usou o conceito na estética e sua premissa crucial foi a fusão dos impulsos artísticos que uniram o dionisíaco ao apolíneo e formava as artes dramáticas, particularmente, as tragédias. No fundo, criticava o racionalismo socrático tão presente na dialética e alegava que a infusão da ética da razão, roubava da tragédia sua origem e o frágil equilíbrio existente entre o lado de Dionísio e de Apolo. A patológica dialética socrática acaba por negar a vida, e usa a razão para desviar mas nunca para criar. Enquanto que o lado dionisíaco constantemente procura afirmar a vida, seja pelo prazer, dor, sofrimento, alegria ou folia que tem a vida e serve para superar a doença e perpetuar o crescimento e florescimento pleno da força da vida.
Em verdade, toda existência humana está mergulhada em tragédias, em necessidades e contextos que duelam paradoxalmente para nos mostrar justamente qual síntese de valores é mais relevante. E, ao ampliar o homem, apenas na medida em que percebe que é "um" e, ao mesmo tempo, "outros" nas demandas variadas da experiência humana. Enquanto existir o sol, o tempo, os fatos e os sentimentos, o mundo interior e o mundo exterior estaremos duelando na arena apinhada de vestígios históricos e filosóficos. A utilização do aspecto apolíneo e o dionisíaco demonstra a consciência fragmentada do humano e, ainda, vieram os pensadores pós-modernos tais como Heidegger, Foucault e Deleuze a apontar as diferentes dialéticas que fazem de nossa existência um exercício de aprendizagem constante. Pobre daquele que supõe saber tudo ou prever tudo, não estará preparado para viver e, ascender o espírito ao patamar da evolução.