A lágrima da rosa era o orvalho.
A lágrima do infante era também o orvalho.
As primaveras fenecem.
As flores fenecem mais rápido ainda.
E o pólem leva o gérmen da vida pelo
vento mensageiro de esperança.
A lágrima da senhora
caiu sobre o bordado da blusa,
contornou uma flor imaginária.
Agraciou uma primavera presumível.
Sem pólens.
O sorriso sorrateiro
se esvai.
Vem a chuva
que parece
uma multidão de lágrimas.
Um choro incontido.
Uma tempestade a lavar almas e
sarjetas.
Resquícios ou sujeiras sempre
restam.
Depois da tempestade
O cheiro de umidade
Os orvalhos migraram para o chão
finito de nossos bosques.
Súbita vontade de chorar
por tristeza,
por saudades
ou, simplesmente, melancolia
repleta de certezas transitórias
e finitudes definitivas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/11/2020