"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos



O borogodó, com o som do o aberto (ó) é uma expressão antiga comum entre nordestinos e, de algum tempo para cá vem perdendo seu significado original. Então se borogodó refere-se, popularmente, a um atrativo físico (ou de personalidade) peculiar como em “repare no borogodó dessa moça“, a expressão “o ó do borogodó” refere-se ao detalhe mais precioso, superlativo do mencionado atributo peculiar.

Como se pode notar utiliza-se largamente e de modo equivocado essa forma reduzida em sentido oposto, relacionando o tal “ó” a um certo orifício da anatomia humana por alguma e, assim em sentido pejorativo. Não é tão difícil entender esse fenômeno e sua popularização se o associarmos ao crescimento das redes sociais e a inclusão digital.

Estes dois últimos fatores, inclusive, são responsáveis pelo que eu considero mais uma atrocidade que se comete largamente com a Língua Portuguesa e, pior ainda, com a história de um dos maiores e mais respeitados lexicógrafos do país, Aurélio Buarque de Hollanda.

Segundo o Michaelis, borogodó é um "atrativo físico muito peculiar". Sendo assim, a expressão estaria sugerindo que a vogal tônica, especificamente, representa uma parte física do corpo humano "peculiar"?

A gíria é uma palavra não convencional usada para designar outras palavras formais da língua com o intuito de fazer segredo, humor ou criar uma linguagem própria (jargão e neologismo).  É empregada tanto por jovens e adultos de diferentes classes sociais, e observa-se que seu uso cresce entre os meios de comunicação de massa. A cada época, determinadas gírias ganham destaque.

Borogodó seria uma gíria dos anos cinquenta entre tantas outras como: bacana ( bonito), bagunçar o coreto ( acabar com a festa na base da confusão), barbeiro ( mau motorista), Boazuda (mulher de formas generosas), , broto (mocinha bonita), cara-de-pau (cínico), chá de cadeira (era quando a moça ficava o baile inteiro sentada, sem que nenhum rapaz a tivesse tirado para dançar), charlar (exibir-se), da fuzarca (aquele que gosta de farra), far no pé (fugir), far o esparramo (dispersar), fe lascar o cano (muito ruim, terrível), estróina (gastador),fogo na roupa (complicado), galinha (moça sexualmente permissiva), legal (certo), levar um fora (ser dispensado), mandraque (efeminado), mão-boba (carícias ousadas), marcar touca (deixar passar uma oportunidade), mocotó (belas coxas de mulher), na boca de espera (prestes a conseguir), pisante (pé ou sapato), roxinha (mulher negra bonita), sacana (indivíduo sem escrúpulos), sopa no mel (fácil), tipão (homem atraente),tirar uma chinfra (exibir-se).

Com ou sem borogodó, há pessoas com uma presença tão penetrante que mais parece que nos hipnotizam... 


 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/09/2020
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