"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos



A verdadeira primeira vez.  A flor nasceu inocente, pura e desinfecta. Seu botão tímido progressivamente, ia se abrindo, como num rodopio de pétalas que se abriam lentamente...O sol ainda tímido e o brinde do orvalho. Gotejado como um cristal.

Cristal sobre púrpura. E, no cair da tarde,o alaranjado tinge o jardim com uma aura de nostalgia. Há milhões de pequenas e preciosas coisas inesquecíveis... o perfume das rosas, a alfazema e os lírios majestosos. A magia da infância, a curiosidade da adolescência e, a sobriedade da maturidade.

Lembro-me que meu pai adorava os lírios e os girassóis... ficava intrigada pela grandeza e, ainda assim, subsistir a beleza. Na primavera, os pássaros parecem mais felizes e voam livres no horizonte e, pairam nas ondas quentes dos ventos. Quase sem bater as asas, flanando com seu corpo frágil como se fossem super-heróis.

No jardim, não plantei cravo, mesmo assim ele nasceu. Algo inexplicável mas provavelmente contrabandeado pelos pássaros e insetos. 

O cravo é a flor do craveiro, cujo nome científico é Dianthus caryophyllus, em sua maioria, são originárias das áreasmediterrâneas da Ásia e Europa. O cravo mais bonito é o bordado.

O cravo vermelho na medicina popular é usado para tratamento da pneumonia, e doenças respiratórias e, ainda, contra a nefrite. E, a raiz do cravo também é considerado remédio para os rins, sendo aviado até mesmo por médicos.

Lembro-me que no dia que meu pai morreu, fui eu quem colocou um cravo vermelho na lapela do terno. Parecia ser um remédio tardio mas carinhoso. Meu pai não era vaidoso.

A primavera lá fora, e um inverno aqui dentro. Palavras frias, fonemas gélidos e um silêncio de iceberg a cortar ao meio navios inteiros e, extirpar esperanças.

Nunca esquecemos a nossa primeira vez diante de um fenômeno natural, quando criança eu via a chuva e, acreditava que Deus estava chorando... com pena e dó das plantinhas ressecadas... e, dos animais que não tinham quem lhe fosse dar água...

Olhava os passarinhos vivos e cantantes e ficava abismada com sua sobrevivência e valentia... Corpos tão delicados, voos tão vigorosos e uma lição misteriosa de fé e alegria.

Lembro-me ainda que ia ao quintal esticava meus braços e, os pássaros vinham pousar... eu era miúda e esmirrada... não me temiam... Depois eu cresci, e nunca mais pousaram em mim... Não sei se era respeito ou medo. Mas, fico feliz ao deparar-me com seu canto sortido, trinando a vida na pauta mágica de nossas recordações.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/09/2020
Alterado em 24/09/2020
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