Almas divorciadas
Umbrais profundos a devassar
Enredos paralelos
que se encontram no infinitos
Afetos improváveis
em corações solertes
Indecências públicas
de amar impunemente
Sem medo
de não ser correspondido
Almas divorciadas
Imortais e provisórias
E o corpo das vestes
carrega a semântica
necessária.
Seus olhos sob a minha luz.
Minha luz sob seus olhos
Submissão não há.
Não há grilhões
Nem serventia
Não há servos,
nem vassalos.
No feudo contemporâneo
a liberdade e a responsabilidade
são gêmeas univitelinas.
Inseparáveis.
Almas apartadas
pelo tempo, pelo silêncio
indecifrável.
Pela dinâmica do
redemoinho.
A triturar tudo
até chegar ao pó.
Olhares metafísicos
Gestos cênicos
Paladar anestesiado
A despedida é agora.
Há um adeus permanente
do dia que findou,
do entardecer que trouxe a noite,
da noite que pariu a manhã,
da separação que pôs fim
a união,
a almágama
que os sentimentos forjaram
apesar do severo inverno.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/09/2020