O poema estava ali
no branco da folha deitada
completamente entregue
ao infinito silêncio
esperando a sombra das palavras,
as rimas incertas
e o lirismo paradoxal.
O poema jaz intacto na gramatura da folha,
urdido nos sussurros.
Jaz no zênite luminoso
sobre as cabeças,
sobre a lógica inexpugnável.
sobre a mão que o escreve.
Mão que é vassala.
O poema é o senhor soberano e
telepático.
Na verdade, é psicografia pura.
As sensações percorrem o corpo inteiro
e aportam nas mãos em forma de caligrafia
no premido da tinta no papel,
nas curvas das letras
e na delicadeza da vírgula.
Vãs ilusões.
Devaneios múltiplos.
Visões fantásticas
Viagens enigmáticas.
Tudo é possível pelo poema.
O poema enxerga a alma.
Acaricia o corpo
e adota o infinito.
Virá ao encontro marcado?
Cumprirá sua sina?
Será pontual?
Marcará a cadência humana?
Ou apenas revelará que já estava posto.
Mak tub - estava escrito
Conclui que tudo
foi apenas um ensaio prévio.
Para anunciação certeira
da poesia inescapável
do presente..
Breve.
Sólido.
E, pleno.
O poema permanecerá ali.
Dinâmico e estático.
Ansioso e pacífico.
Aguardando que Pandora
abra a caixa...
E, conheça tudo que vier.
Poeme-se.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/09/2020