Nunca conheci quem tivesse oferecido porrada
E em público, à beira de uma catedral
Todos meus conhecidos têm sido atletas
vitoriosos em tudo.
E, eu que sou apenas reles, além de vil e vulgar
Eu tantas vezes irrespondivelmente grosseiro.
Chulo.
Indesculpavelmente despreparado.
Um espasmo sem músculo.
Não tenho tido paciência para perguntas.
Para confrontos ou aliterações.
Tenho sido publicamente ridículo e
irremediavelmente absurdo.
Tenho tropeçado publicamente
em palavras e expressões.
Sido grotesto e arrogante,
com ar prosélito e castrense.
Tenho sido tão ignaro.
Não admito sofrer calado.
E, mesmo em silêncio consigo ser ridículo
sumariamente.
Tenho sido cômico aos rapazes,
as moças e aos insetos
que me rodeiam
como se quisessem seduzir-me.
Eu que tenho feito vergonhas públicas
com falta de decoro
E, quando o embate surgiu, justamente
na hora do soco.
Eu tenha me esquivado e, pior,
sempre para fora do embate.
Tenho amargado a angústia de pequenas coisas ridículas.
Não tenho par neste mundo.
Todos em minha volta, são príncipes.
Jamais cometeram um pecado nem infâmia
Comportam-se como o ideal.
E, jamais foram vis.
E, se confesso-me vil
Sinto-me definitivamente um vilão...
Pois sou errôneo
com amores e mulheres,
com jogos e talheres
E tenho sido ridículo e traído.
E, ao falar com meus superiores
sem titubeio
Pois tropeço no mesquinho...
Pois gaguejo distraído
Basta de semideuses!
Onde mesmo que há gente no mundo?
Nesse vasto mundo
que esconde com primor
meu poema torto.
Bem no coração do horto.