Entrei na arena.
Havia inimigo invisível.
Havia inimigo óbvio e visível
Ventos uivavam preconizando a tragédia.
Minha coragem vinha do desapego.
Pois, perdera o medo de morrer.
As veias gélidas percorriam
calmamente o átrio.
Minha mente calculava o golpe
Certeiro.
Reto e indeclinável.
Espreitava o flanco mais frágil.
Caminhei diretamente ao adversário
Olhei-o bem nos olhos.
Seu medo estampado era cômico.
Estranhamento e respeito.
Mas, eu não ri.
Lutamos.
O adversário caiu.
E, enfim,desferi o golpe fatal.
Um adversário a menos.
Não sentia galhardia.
Nem orgulho.
Até vencer a luta na arena
perdera seu brilho e importância.
Por vezes,
ser apenas mais um sobrevivente.
É insuficiente.
Na arena, a ovação da plateia.
Revelava o quão podemos ser apenas
mais um animal.
Entre tantos animais.
Que, por vezes, escolhe suas armas.
Mas, por vezes, apenas declina
da consciência.
Nosso pior adversário
somos nós mesmos.
Premidos numa existência humana.
Comprimidos entre o corpo e a alma.
A procura de alguma dignidade.
Que nos salve
ou apenas nos revele.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/08/2020
Alterado em 24/08/2020