Fiz um poema inacessível,
a rima era invisível,
o lirismo hermético e sufocado
E, as ideias vestidas de versos
desnudavam-se
Descaradamente.
Fiz um poema inacessível.
Tão íngrime quanto o Himalaia
Onde só há silêncio
e falta de oxigênio.
Arredia arrastava a semântica
pelo chão...
distribuindo símbolos,
mágicas e mantras.
E, no auge das emoções
a dor e a empatia se encontram...
o perdão e a tristeza se irmanam....
e, finalmente, o extrato humano
contamina tudo.
Dá-se a entropia.
Bichos, plantas, riscos e males.
Rimas, lirismos, perigos e doenças.
Fiz um poema virótico.
Tal mutante e letal
que não pode ser combatido.
Saiu por aí impregnando corpos,
corrompendo almas...
Rindo de misérias
e chorando pelos acasos.
Desprezando alegrias vãs.
Deixei a porta entreaberta.
O vento entrou e a fechou.
Retumbante e categórico.
O tempo passou.
O sentimento feneceu.
Só me restou a esperança
de recortar e colar os signos
como se fosse figurinhas
no álbum do inconsciente.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/08/2020
Alterado em 20/08/2020