Antoniette era muito elegante. Extremamente discreta. Falava somente o necessário. Pontualíssima. E, mantinha uma postura de seriedade e estar concentrada no que estava fazendo. O seu batom "cor de pele" realçava seus lábios, sem ser berrante. Utilizava o vocabulário cuidadoso, principalmente em questões mais conflituosas. Era hábil em conter os empedernidos. Sua classe e eficiência eram invejáveis. Muitas vezes, eu simplesmente, tentava em vão, imitá-la. Mas, meu temperamento efusivo, sempre atrapalhava-me. Antoniette era filha de franceses que havia imigraram para o Brasil, justamente pelos idos de 1939, no alvorecer da Segunda Guerra Mundial. Percebi que os sapatos dela eram cômodos mais do que elegantes. E, permitiam um caminhar firme e leve. Sua discrição também estava na maquiagem, bem como penteados simples. A sua simplicidade inteligente era agradável e tornava a convivência animadora. Afinal, onde sempre as exigências estéticas imperam e nos coagem até não poder... Os vestígios da mulher eram presentes e tão palpáveis como a aura que sempre deixava. O tempo passou, mas Antoniette ficou como uma referência-ícone.