Vive em paradoxo a crônica pois oscila entre a força de grandes escritores e críticos e a carência contumaz de prestígio do gênero. Sua versatilidade cai facilmente nas graças dos leitores, mas, segue para a desvalorização da academia que insiste negar-lhe a própria individualidade e identidade enquanto texto.
Trata-se de gênero que é diferente do ensaio e do romance que são tipos de texto mais exigentes e complexos. E, permite que mais escritores se aventurem por ele, desafiando a lógica e a semântica da lingua pátria. Em nosso país, teve início no século XIX com autores como Machado de Assis e José de Alencar.
A crônica traz um texto aberto sendo permeável à crítica, ironia e, até mesmo ,a poesia. Mas é aquela alma encantadora que tanto nos permite o lirismo como até mesmo o humor. Por vezes, é verdade, até o fatídico humor negro. Essa expressão criada por André Breton em 1935, fora um teórico surrealista, se bem, que suas raízes mais antigas estão fincadas na obra de Aristófanes.
O mais importante da crônica é sua atemporalidade, podendo facilmente atender a diversos momentos. Particularmente, os de crise, como agora, onde presenciamos as patetices governamentais diante das maiores necessidades prementes. Porém, não percamos as esperanças, pois são mais factuais
e maiores que qualquer medo ou sede de poder eterno.