"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


Há um lugar que as palavras conhecem o deserto. Aridez e calor escaldante que são capazes de derreter todos os pensamentos. Há um lugar que as palavras experimentam uma tempestade sem precedentes.
Quando tudo alaga, transborda e nos transforma a todos ilhas, ilhas apartadas umas das outras. Isolados. Condenando-nos a sermos a nós mesmos, a enfrentar em nossa mesmice a solidão cotidiana.
A maçaneta da porta deve ranger, reclamando de minha mão pesada. E, as chaves cochicham entre si, reclamando da superlotação no chaveiro e, da bolsa repleta de acepipes inúteis. Meus sapatos devem xingar-me pela contumaz desatenção e, por vezes, por pisar no indizível das fezes que inadvertidamente insistem estar bem no meio do caminho.
Atravesso a rua. Entro no ônibus, sento-me à janela e a brisa quente resvala em palavras gotejantes como o suor ou lágrima.
Em pensar que são compostos de água e cloreto de sódio (sal)... e que a lágrima possui a mesma concentração de sal que o plasma,
a parte líquida do sangue...
Talvez seja por isso que há os que choram lágrimas de sangue que mancham as almas e fazem doer os espíritos.
Há um lugar que as palavras adormecem e, em acordes agudos assobiam pelos ventos, uivam pelos lobos em matilhas, e se declaram à lua e às estrelas em pleno adultério.
Há um lugar onde as palavras amanhecem douradas e retumbantes e depois ao entardecer tornam-se violetas e, em silêncio, incorporam cada valor que trazem secretamente.
Haverá sempre uma palavra que nunca se cansa de aparecer: Obrigada! Sempre serei grata as palavras que me foram deferidas e ao silêncio que mereci. Sempre serei grata pelo acidente do encontro e pela perda do desencontro. Pois tudo, absolutamente tudo, está interligado, seja racionalmente ou espiritualmente. E, tudo será uma aprendizagem hoje, amanhã e sempre. Ainda que no presente possa não perceber.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/04/2020
Alterado em 01/05/2020
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