Ouço o tic-tac incessante do relógio. E, o carrilhão a tocar a cada hora. O tempo não para. Envelhecemos e a cada minuto nos aproximamos do fim, da morte, pois somos seres finitos. Provisórios e perecíveis. Tantas coisas que fazemos questão, pelos quais duelamos, pelos quais somos capazes de trair, mentir, enganar e,por fim, obter uma vitória de Pirro. Pagamos um preço muito caro por gastar tempo útil com coisas inúteis. Com vaidades, torpezas ou simplesmente imaturidades. Como custamos aprender com o tempo. Entender melhor as pessoas, os personagens sutis que passam na penumbra e nos flagram com a alma animalesca e irracional. Precisamos entender as rodas ciclícas da história, ler no subverso do discurso. Decifrar a encriptação das conversas, das piadas e, até mesmo, dos paradoxos. Amanhã o sol nascerá de novo. Mesmo que eu ainda não esteja por aqui. O outono derramará suas folhas e frutificará, mesmo que eu não possa provar os frutos. Não é por acaso que estamos aqui e agora. Há um secreto e enigmático motivo, uma causa maior de tudo e de todos. Estamos numa roleta e num minueto. Tenho apenas três quartos do tempo. A angústia de ter que andar a passos miúdos na direção de um destino que depende de tanta coisa. E até do aleatório. Na mitologia grega, o Deus do Tempo, Cronos que é representado pelo dias e horas. E, Kairós que é tempo oportuno, percebido de forma qualitativa, você tem exatamente agora para fazer toda a diferença. Não se calar ante as injustiças e mágoas. Não guardar rancores no coração. Ajudar a quem puder. E, ser grato por ter chegado até aqui e, ainda, perceber que o tempo não para.