Urupês foi uma obra publicada originalmente em 1918 e, reúne quatorze contos de Monteiro Lobato. Em seu segundo prefácio, na segunda edição da obra, surgiu o artigo intitulado "Velha praga", publicado originalmente no Jornal “O Estado de São Paulo”.
No ano de 1914. Nessa época, o autor se dedicava ao trabalho na fazenda que recebeu como herança de seu avô e amargava um ano terrível em razão da seca.
O autor já estava exausto das frequentes queimadas praticadas pelos caboclos e, por isso, publicou uma carta veemente de indignação.
Tal texto provocou grande polêmica fazendo com que o autor publicasse outros textos que originaram ao livro Urupês. A obra dá vida ao mais famoso personagem que é o caboclo Jeca Tatu.
O caboclo era o substituto moderno do brasileiro ideal, que antes era o indígena. Mas o caboclo era portador de qualidades negativas que tanto refletiam toda a miséria E, ainda o atraso econômico e social do nosso país. Acrescente-se o contexto notabilizado com o tremendo descaso do governo da época ao Brasil rural.
Por fim, é importante ressaltar que a importância de Urupês não ficou restrita ao campo literário através de suas inovações estilísticas e linguísticas, mas teve também grande influência na indústria e no mercado cultural do Brasil.
Isso porque até a Primeira Guerra Mundial, grande parte dos livros brasileiros eram impressos na Europa através de editoras estrangeiras, principalmente as francesas. Monteiro Lobato modificou essa forma editorial ao imprimir por conta própria o livro Urupês nas oficinas do jornal O Estado de São Paulo.
O último enredo, Urupês, considerado o segundo artigo contido nesta obra, introduz a imagem de Jeca Tatu, o sertanejo característico, lento, avesso ao trabalho, desprovido de cultura, desnecessário. É assim que o autor descreve o caboclo, um tipo de orelha-de-pau, ou seja, pequeno cogumelo, daí o título Urupês, que traduz esta espécie.
O trecho que selecionei é este:
"Urupês? Quando em menino minha mãe me mandava fazer qualquer coisa e eu mostrava corpo mole, ela: 'Anda menino! Parece urupê de pau podre!' Esse nome 'urupê' ficou-me na cabeça (...) quando precisei classificar a classe do jeca, ou do homem da roça, o nome que me acudiu foi esse — e acabou denominando-me também o livro..."