Quem não tem saudade da infância? Dos seus oito anos. A poesia é intitulada “Meus oito anos” de Casimiro de Abreu (1839-1860), poeta ultrarromântico brasileiro. Esse poema é um dos mais populares da literatura brasileira.
Destacou-se na Segunda Geração do Romantismo. Em 1853 foi para Lisboa. É nesse período que escreve a maior parte dos poemas de seu único livro “Primaveras”. É patrono da cadeira n.º 6 da Academia Brasileira de Letras.
Casimiro de Abreu escreveu pouco, viveu pouco, mas tornou-se um dos maiores “poetas românticos” e um dos mais populares do Brasil, graças ao seu lirismo ingênuo de adolescente. Simplicidade e pureza são as tônicas de suas poesias, razão pela qual é considerado o mais ingênuo de nossos poetas.
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! “
Em paródia, Oswald de Andrade escreveu, por sua vez:
“Oh que saudades que eu tenho
Da aurora de minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais
Eu tinha doces visões
Da cocaína da infância
Nos banhos de astro-rei
Do quintal de minha ânsia
A cidade progredia”
José Oswald de Sousa de Andrade é o nome completo de Oswald de Andrade (1890-1954foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro. Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa de Andrade (irmã do escritor Inglês de Sousa). Formou-se em Direito no Largo São Francisco em 1919.
Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro.
Ficou conhecido pelo seu temperamento "irreverente e combativo", sendo o mais inovador entre estes. Colaborou na revista Contemporânea (1915-1926). De 1926 a 1929 foi casado com Tarsila do Amaral e de 1930 a 1935 foi marido de Pagu.
Na sua busca por um caráter nacional (ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em Macunaíma), Oswald, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte, Oswald voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte.
Fossem estas o romance de ideias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo (por exemplo,Olavo Bilac).
Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.
Oswald percebeu que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos indígenas até a cultura africana representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes.
A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.
Ambas poesias cogitam sobre a saudade da infância, sob diferentes ângulos e valores. Mas tudo é saudade, que a simples memória não traz mais.