Prezado leitor
Prezada leitora
Gosto de palavras. Do som das palavras e da grafia das palavras. Sejam gordas, gordurosas, suntuosas, simples ou simplesmente trivial. Gosto de palavras solenes, angulosas, inquietantes, tais como pudico, ranzinza e valetudinário...
Mas, também aprecio as palavras enganosas e ladinas tais como espúria, enganosa, mortiço e mundana. Tenho certo pejo por palavras suaves tais como avesso, direito, bravura, verve e perseverança.
Mas, existem também palavras crocantes e quebradiças que crepitam em nossas mentes, tais como as mais carrancudas, macambúzio, escabioso e sovina. Aliás, os sovinas são inigualáveis.
Por vezes, também goste de palavras impactantes, exclamativas, tão sentimentais como um peregrino que vai encontrar com Deus, e ainda, aquelas mais retorcidas, como vermiformes, vírus, farinhentas, rastejantes, choramingando atenção e o gotejar da lágrima.
Mas, há um apreço especial por palavras escorregadias, lisas, risonhas e quase tão escandalosas como um arroto. Perambulo entre os livros, como se passeasse numa cidade ou numa guerra, vejo mortos, feridos, heróis e bandidos. Vilões arrependidos de pouco viço e, o pior, os arrependidos de plantão. Tudo que gostaria de fazer é trocar algumas palavras com você...
Encontrar o famoso meio-termo. A razoabilidade humana em ser efêmero e errático. Poderíamos? Se sua resposta for o silêncio.
Nenhum problema, pois dentro do silêncio há milhões de sementes de palavras.