"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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O Dia da Mentira é também conhecido como Dia das Mentiras, dia das petas, dia dos tolos, dia da gafe ou dia dos bobos é uma celebração anual em alguns países europeus e ocidentais, sendo comemorado em primeiro abril, pregando peças e espalhando boatos como formas de assinalar a data.

Dizem que a brincadeira surgiu em França, no começo do século XVI, quando o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e findaram exatamente no dia primeiro de abril.


Em 1564 depois da adoção do calendário gregoriano, o Rei Carlos IX de França determinou que o Ano Novo seria comemorado no dia primeiro de janeiro. Em verdade, alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano se iniciaria em 1 de abril.

Então, os sátiros e gozadores passaram então ridicularizá-los, a enviar presentes exóticos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.

 
Porém, havia uma grande dificuldade na comunicação das ordenações régias. Os meios de comunicação eram precários e lentos, e as informações não chegavam rapidamente a todas as partes de um reino. A ordem régia só foi efetivamente cumprida na maior parte dos locais do reino francês em 1567.
 
O motivo de mudança de data do Ano Novo cogita-se que poderia ainda estar relacionado com o fato de a comemoração no início da primavera estar relacionada com práticas pagãs, e não cristãs. A ligação aos fenômenos naturais – como a primavera – com possíveis espíritos divinos contrariava as práticas cristãs de um Deus único, não ligado às forças da natureza.
 
Com o início da primavera, comemorava-se também a entrada do período da fertilidade, em que se realizavam as semeaduras e havia o desabrochar das flores das espécies vegetais.
 
Nos países de língua inglesa[1], o dia mentira é conhecido como April Fool’s Day[2], o dia dos tolos, na Itália e em França é denominado respectivamente pesce d’aprile e poisson d’avril, literalmente, peixe de abril.
 
Mas, afinal, a primavera no Hemisfério Norte não se inicia no dia 21 de março? Hoje em dia, é verdade, mas até o ano de 1583, não. Essa mudança está relacionada com a adoção do calendário gregoriano, implementada pelo papa Gregório XIII, em 1582.
 
Havia uma defasagem de dez dias entre as datas do calendário e os eventos decorrentes dos movimentos celestes, como os do sol e da lua[3].  

A Igreja católica pretendia fazer coincidir o início da primavera com o dia 21 de março, em 1583, e assim estipular uma data única para a comemoração da Páscoa cristã, já que a data variava em várias áreas do cristianismo católico. Para realizar a mudança, foi instituído que, após a quinta-feira, 04 de outubro de 1582, iniciar-se-ia a sexta-feira, 15 de outubro de 1582.

 
Em nosso país, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou um periódico chamado A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado em 1º  de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, que foram logo desmentida no dia seguinte.
 
No sul do país, onde habita a vasta maioria que domina o dialeto alemão, o primeiro de abril se chama der Aprilscherz (a pegadinha de abril), sendo a vítima chamada de der Narr no masculino e die Narrin no feminino, aplicando-se constantemente os vulgos termos der Dappes e der Dummkopp que significa literalmente o bobão.


O primeiro de abril na Alemanha foi primeiramente registrado na Baviera em 1618, sendo que tal popular tradição fora introduzida pelos primeiros grupos de imigrantes alemães que se assentaram permanentemente no Rio Grande do Sul a partir de 1824.

Além de contar mentiras, existe o costume de se enviar uma pessoa desavisada a cumprir tarefas sem fundamento ou difundir informações sem nexo para outrem.
Em Espanha, o dia é conhecido como o dia dos enganos.

Outra tese para explicar o Dia dos Bobos defende que a data seria uma antiga festa romana. “Em Roma já se pregavam trotes durante o equinócio de primavera”, diz o historiador americano Joseph Boskin, professor da Universidade de Boston.
 
De acordo com ele, essas festas deram origem ao Dia dos Bobos inglês, também comemorado no dia 1º. “Os trotes de 1º de abril são anteriores à reforma do calendário por Gregório”. Assim, a mudança talvez só tenha reforçado um dia de piadas anterior.
 
Reforça essa teoria o fato de a referência mais antiga conhecida ao Dia da Mentira estar nos Contos da Cantuária (1392) do inglês Geoffrey Chaucer.
 
No Conto da Freira do Padre, uma raposa aparece enganando um galo no "trigésimo-segundo dia desde que março começou" - isto é, primeiro de abril. Ainda assim, isso é disputado. Alguns historiadores acreditam que tenha havido um erro de transcrição e na verdade ele se referia a trinta e dois dias após março, isto é, 3 de maio.
 
Enfim, já que é para comemorar o primeiro de abril. Estamos em plena democracia, governada por gestores responsáveis e conscientes da importância de sua liderança. Gostou? Mas, não se entristeça, até as maiores potências passaram por líderes como Calígula e Hitler.
 
 
 
[1] Foi o que fez também o Mirror, que publicou uma reportagem inteira sobre uma nova regra que permitirá que os cavalos de corrida usem fones de ouvido para ouvir músicas durante as competições no país.
 
[2] A Inglaterra, por exemplo, só adotou a nova folhinha em 1752. Apesar de ter se antecipado ao papa e, por ordem do rei Carlos IX, trocado de calendário já em 1564, a França só conseguiu impô-lo com a Revolução Francesa, em 1789.
Essa confusão de datas suscitou as brincadeiras. Entre os trotes de abril, um dos mais populares era o anúncio de casamentos falsos, marcados para o dia primeiro. Arruaceiros também pregavam cartazes com supostos éditos reais de conteúdo jocoso.
 
[3]  No início, a mudança gerou muita confusão. Por teimosia ou desconhecimento, muitos europeus continuaram brindando o novo ano na data antiga, e os trotes de 1º de abril teriam como mote esse equívoco. Antes de Gregório, o calendário mais aceito era o juliano. Criado no ano 45 a.C. por Júlio César (101 a.C.-44 a.C.), ele estabelecia que o início do ano coincidia com o equinócio de primavera, entre 20 e 21 de março.
Mas, na Europa medieval, nem mesmo o calendário juliano era seguido por todos. Muitas aldeias e paróquias celebravam o ano novo na festa da Anunciação, em 25 de março. Outros esticavam o ano velho até 31 de março e só comemoravam o réveillon em 1º de abril.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/04/2020
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