"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


 
O mito da phênix ou fênix remonta ao Antigo Egito e foi transmitido aos gregos e romanos bem como para outras civilizações. Lá no Egito, a ave era conhecida como Bennu[1] e sempre associada ao culto do Deus-Sol, também chamado de Rá[2].
 
Ao falecer, o pássaro tinha seu corpo completamente devorado pelas chamas e, depois de suas cinzas ressurgia uma nova fênix, a qual se juntava às cinzas de seu progenitor e, assim, sucessivamente. Era conduzida ao altar do Deus-Sol, localizado em Heliópolis[3].
 
Não há consenso sobre a duração de vida da fênix, uns cogitam em quinhentos anos, outros apontam ser mil anos, enquanto que outros cogitam de maior tempo, como noventa e sete mil anos.

Ao fim de cada ciclo existencial a ave pressente a vida da morte e, então, prepara uma fogueira funerária com os ramos de canela, sálvia e mirra e, se auto-incendeia[4].
 
Há, contudo, narrações distintas segundo a qual o pássaro quando à beira da morte, se dirige à Heliópolis e aterra no altar solar, quando finalmente arde completamente em chamas.
 
Já para os persas[5] a fênix seria uma ave magnífica com um bico longo e cheio de perfurações, sendo cada um deles responsável por um som distinto. Dizia-se que vivia durante mil anos e não possuía fêmea, vagando pelo mundo solitário até o dia em que pressentiria sua morte e construiria um ninho, lá começando a entoar a um canto que deixaria em êxtase até as bestas mais ferozes.
 
A fênix depois retorna à vida simbolizando os ciclos naturais da vida e, a continuidade mesmo após a morte. Os egípcios já acreditavam que a ave simbolizava a eternidade
 
Reconhecida por sua intensa força o que até lhe permite levar consigo fardos de grande peso e, em alguns contos, relata-se que conseguia transportar até elefantes.

E, de acordo o poco, a fênix assumia características específicas tais como penas roxas, azuis, vermelhas, brancas e douradas como entre os chineses[6] e, penas douradas e vermelhas com leves matizes violetas para os gregos e egípcios. O porte da fênix era maior que águia.
 
Seu canto[7] melodioso e triste apesar de tanta formosura e melancolia seria capaz de afetar profundamente os animais, podendo leva-los para a morte.

Afirma ainda a lenda que somente uma fênix podia existir de cada vez e que suas cinzas[8] tinham o mágico dom de ressuscitar alguém que já faleceu.
 
Deve-se o nome da ave, fênix ou phênix adotado entre os gregos surgido devido a um erro de Heródoto[9] que era grande historiador na Grécia Antiga, pois possivelmente confundira o pássaro com a árvore sobre a qual em geral era representada, a palmeira que é phoinix, em grego.
 
Os cristãos[10] associam a fênix na arte sacra à ressureição de Cristo e nas mais diversas mitologias.
 
Uma provável explicação científica para o mito seria a coroa solar que surge durante um eclipse, tal efeito se assemelharia a um pássaro, e daí surgiria o seu renascimento, juntamente com sol após um eclipse.

Trata-se de fenômeno impressionante até mesmo para os astrônomos e, surgiu devido a capacidade dos povos orientais conseguirem prever os eclipses através de cálculos matemáticos.

 
Apesar da fênix possuir diversas histórias desde o início da civilização humana e variando conforme culturas, locais e tempos. Sua simbologia permanece até hoje nos indicando a noção de  imortalidade, renascimento, vida e morte.
 
 
 
 
[1] O surgimento da fênix no antigo Egito é muito divergente, havendo inúmeras lendas e especulações. Dentre elas se destaca a interpretação de que o animal na verdade seria o Bennu, pássaro sagrados e cultuado, sendo considerado como uma manifestação do Deus Osíris.
Muito pouco se sabe sobre o pássaro sagrado, mas é comum se ver desenhos do mesmo, se assemelhando a uma garça real, sendo representado  normalmente com uma plumagem azul e branca, com um bico longo e uma crista formada por duas penas e ocasionalmente com uma coroa de atef ou um disco solar.
 
[2] Os egípcios a tinham por “Bennu” e estava relacionada a estrela “Sótis”, ou estrela de cinco pontas, estrela flamejante, que é pintada ao seu lado.
 
[3] Era um subúrbio dos arredores do Cairo, no Edito, que desde então se fundiu com o Cairo, como um distrito da cidade, é uma das áreas mais ricas. E, foi fundada em 1905 pela Companhia do Oasis de Heliópolis liderada pelo industrial belga Barão Empain e Boghos Nubar, filho do primeiro-ministro egípcio Nubar Pasha. É nesta cidade que é localizado o Aeroporto Internacional do Cairo.  
Originalmente moravam em Heliópolis principalmente aristocratas egípcios, bem como alguns cidadãos europeus.  Ao contrário de outros subúrbios modernos de Cairo no início do século XX, Heliópolis tinha uma porcentagem significativamente maior de cidadãos egípcios residentes.
Após a revolução de 1952 liderada por Nasser, tornou-se o lar de grande parte da classe média do Cairo. À medida que o Cairo se expandia, a outrora grande distância entre Heliópolis e Cairo desapareceu e agora se tornou parte da cidade. Devido ao grande crescimento da população, os jardins originais que enchiam a cidade foram na sua maioria destruídos.  
A Basílica Católica na rua Al-Ahram é um famoso marco em Heliópolis, e é o local onde está enterrado o Barão Empain.
Além deste existem muitos locais de culto no distrito, incluindo várias mesquitas islâmicas entre elas a Al Kholafaa Al Rashdeen, Nasr AlIslam, Omar Ibn Alkhttab entre outras 16 grandes mesquitas e instituições de caridade islâmicas localizadas em Heliópolis.
Entre os templos católicos podemos citar a Igreja de São Marcos, a Igreja de São Jorge, a Igreja Cristã de Saint Maron (Maronita), e a Igreja de Santa Rita. Além da sinagoga da rua Al Missalah o demonstra que a cidade tem vivido em tolerância religiosa desde que foi estabelecida.
 
[4] Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C., afirmou que a fênix vivia nove vezes o tempo de existência do corvo, que tem uma longa vida. Outros cálculos mencionaram até 97.200 anos.
 
[5] Simurgh também grafado como simorgh, simurg, simoorg ou simourv, também conhecido como Angha é nome persa moderna para fabulosa, benevolente e mítica criatura alada.
A personagem pode ser encontrada em todos os períodos da arte e literatura iranianas e, também é evidente na iconografia da Armênia medieval, no Império Bizantino e, em outras regiões que estavam dentro da esfera da influência cultural persa.
A Simurgh é retratada na arte iraniana como uma criatura alada, na forma de um pássaro, gigante o suficiente para carregar um elefante ou uma baleia. Ela aparece como uma espécie de pavão com a cabeça de um cão e as garras de um leão, no entanto, às vezes também com um rosto humano.  
A Simurgh é inerentemente benevolente e evidentemente do sexo feminino. Sendo uma parte mamífera, ela amamenta seus filhotes.
Ela tem uma inimizade com cobras e seu habitat natural é um local com água em abundância. Suas penas são descritas sendo da cor de cobre, e apesar de ter sido inicialmente descrita como sendo um cão-pássaro, mais tarde, mostrou-se tanto com a cabeça de um homem, quanto com a de cão.
 
[6] Na China antiga a fénix foi representada como uma ave maravilhosa e transformada em símbolo da felicidade, da virtude, da força, da liberdade, e da inteligência. Na sua plumagem, brilham as cinco cores sagradas. Roxo, Azul, Vermelha, Branco e Dourado.
 
[7] Os animais se juntariam e assistiriam o lamento da fênix até o seu adeus final. O mito conta que muitos animais chegavam a morrer por conta do sofrimento presente em seu canto.
Quando apenas o sopro da vida lhe resta, ela bateria as asas e com isso se incendiaria e depois de consumida pelas chamas, surgiria uma pequena fênix de suas cinzas, que viveria por mais mil anos.

 
[8] Dizia-se que estas cinzas tinham o poder de ressuscitar um morto. O imperador romano Heliogábalo (204-222 d. C.) decidiu comer carne de fénix, a fim de conseguir a imortalidade. Comeu uma ave-do-paraíso, que lhe foi enviada em vez de uma fénix, mas foi assassinado pouco tempo depois.
 
[9] "Existe outro pássaro sagrado, também, cujo nome é fénix. Eu mesmo nunca o vi, apenas figuras dele. O pássaro raramente vem ao Egito, uma vez a cada cinco séculos, como diz o povo de Heliópolis. É dito que a fénix vem quando seu pai morre. Se o retrato mostra verdadeiramente seu tamanho e aparência, sua plumagem é em parte dourado e em parte vermelho.
É parecido com uma águia em sua forma e tamanho. O que dizem que este pássaro é capaz de fazer é incrível para mim. Voa da Arábia para o templo de Hélio (o Sol), dizem, ele encerra seu pai em um ovo de mirra e enterra-o no templo de Hélio.
Isto é como dizem: primeiramente molda um ovo de mirra tão pesado quanto pode carregar, então abre cavidades no ovo e coloca os restos de seu pai nele, selando o ovo. E dizem, ele encerra o ovo no templo do Sol no Egito. Isto é o que se diz que este pássaro faz.".
 
[10] Havendo uma citação datada de 386 d.C. de Cirilo de Jerusalém que diz que a fênix fora criada por Deus para provar a ressurreição de Cristo aos homens. Na bíblia, de acordo com algumas traduções, seu nome é citado algumas vezes como um símbolo de ressurreição, vida e longevidade. Também é interpretada em algumas inscrições como o símbolo de Cristo pelos mesmos atributos.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/03/2020
Alterado em 29/03/2020
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