"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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Acredita-se contemporaneamente que a normalidade humana corresponda ao chamado e famoso "politicamente correto", a fim de desmembrar tal estado de coisas que mais encobre certos notórios paradigmas do que demonstram reais interesses das classes majoritárias e de minorias sejam étnicas, de gênero, pessoas com deficiência, ou portadoras de síndromes e doenças raras.

A normalidade passou por diversos crivos o de Freud, Locke (empirismo) e Descartes (com sua doutrina de ideias inatas), e tantos outros pensadores. O maior enigma da modernidade foi esculpir uma imagem de homem composta pela subjetividade, que já se encontra em crise, uma  vez que tentando consertar o que laborou durante o período teocêntrico, e no período antropocêntrico, ainda assim, não conseguiu respostas satisfatórias sobre a essência humana e nem de sua existência.

Enfim, o projeto sociocultural da humanidade é rico e complexo  e proporciona infinitas possibilidades, traduzindo sujeitos em desenvolvimentos contraditórios. A ideia de normalidade calca-se no pilar da regulação e o da emancipação, sendo este inspirado por três lógicas da racionalidade, a saber: a estética-expressiva da arte e literatura, a racionalidade moral e prática contida da ética e do direito e, por fim, a racionalidade cognitivo-instrumental da ciência e da técnica.
 
Enfim, sabemos que a doença difere da saúde, assim como o patológico do normal, como uma qualidade difere da outra, quer pela presença ou ausência de um princípio definido pela reestruturação da totalidade orgânica. Em meio a miríade das diferenças individuais, um questionamento resta não respondido: o que seria mesmo normalidade?

Como não somos reles animal mamífero e bípede não será a natureza que ditará o que seja a normalidade. Resta investigar o espiritual, o social e, principalmente, um território ainda enigmático para a medicina: o cérebro. Talvez, no fundo, a normalidade seja utopia, pois baseia-se numa conjunção absolutamente harmoniosa e plena do sistema nervoso, de forma a funcionar de modo excelente e produtivo.

Tal concepção pode ser adotada pela psiquiatria e pela psicanálise que tratam da pessoa ideal ou do tratamento eficaz, que é bem teorizável, porém pouco factível. Já a normalidade como a médica é fundamentada em estatísticas sobre o comportamento humano, reportando-se aos traços de personalidade entendidos como meio de medida padronizada, como se define, por exemplo, no psicodiagnóstico.

Na normalidade como processo se enxerga no comportamento principalmente quando relacionado as fases do desenvolvimento da personalidade humana, considerando a temporalidade e traços étnicos, genéticos e, até históricos.

Em Direito, a normalidade é expressa numa expressão latina, " homo medius" que é o homem médio, o mais comum dos seres humanos com necessidades triviais e demandas sociais pungentes.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 11/03/2020
Alterado em 11/03/2020
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