Há tantos mistérios insondáveis
O olho míope que enxerga mal ao longe.
E de repente, a alma que tudo lê
e mergulha no âmago do contexto.
Há tantos mistérios indecifráveis.
A inscrição enigmática de olhos, corpos e suores.
A vertente improvável do gesto, aceno ou simples suspirar.
Quantas sensações ainda existem completamente inéditas.
Completamente insanas. Como o olho que perde a visão.
Como a mão que perde o movimento.
E, por outro lado, a capacidade de viajar numa simples brisa.
A capacidade de se arremesar em furação, em ciclone ou tempestade.
Lá fora a chuva miúda amortece a secura universal.
Lá fora, o orvalho discreto na flor, conhece toda a primavera.
Apesar de ser um lenitivo no verão.
Lá fora, o granizo barulhento faz lembrar o rufar dos tambores.
O coro dos escravos hebreus que celebram a liberdade.
Lá fora, os grilhões de afetos que nos prendem e ao
mesmo tempo nos afaga.
O licor enebrinte que sussura
Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Habitar desertos.
Semear o impossível.
Colocar-se entre os anéis de saturno
ou de nebelungo...
Que situa-se entre o
grande poder e a maldição.
Há tanto mistérios eternos.
Que ultrapassarão existências e dúvidas.
Mas, permanecerá vigilante o poeta
Que aguarda do horizonte
surgirem as asas douradas que levarão
todos os pensamentos.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/01/2020
Alterado em 09/01/2020