Empunhar aquele ódio
fotografado no fundo da pupila
Suar feito suíno ou
como animal encurralado
Enjaulado.
Pobre fera sem espaço.
Com o pulmão apertado no peito.
O peito em afar condenado
à asfixia,
à servidão.
E, sem oxigênio.
Suas fantasias pareciam
mais coloridas
E a tontura e o abismo
se avizinham,
se irmanam e
nos empurrar para infinito.
Reticente e misterioso.
Morrer é infinitivo.
Morrer é definitivo
Ainda ontem morreu
um sentimento em mim
E sua cruz é a cicatriz
do gemido tardio,
sob o cheiro de jasmim,
do ganir em silêncio,
em purgar a lepra
e a hemoptise.
Sangram minhas narinas.
Sangram os pés.
Sangram as mágoas esquecidas
e arquivadas na memória
requentada
do cair da tarde.
Sangram as paredes testemunhas
oculares de
tragédis intersticias.
Cúmplices documentam
em suas manchas o
retrato do cotidiano.
Morremos todos os dias.
Com menos sol.
Com menos alegria.
Com as parcas certezas e
muitas agonias.
Nos apegamos a muita coisa
simples e que escorrem feito
arreia fina.
Como tempo na ampuleta
que jaz sobre a mesa da sala.
Jaz em contundências.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/10/2019
Alterado em 25/10/2019