A linha torta do Equador
Que corta o mundo ao meio.
Abaixo do Equador
Estamos nós.
A sós e em silêncio.
Sob impiedoso sol esclaldente
Sob os grilhões da escravidão
Sob a sombra de árvores extintas
A linha torta no meio da mão
A linha da vida pontilhada
A cigana leu minha mão
Falou de minha sorte
De minha agruras
e lágrimas
que regam
uma primavera de saudades.
A linha oblíqua do olhar de Carmen
A linha do punhal a matá-la
incisiva
cortante e fatal.
Pungente e carnal.
Como a barra da saia
a balouçar na beira do abismo,
a sacudir destinos
sob manejo das ancas.
A linha imaginária
da poesia mórbida,
a invocar fantasmas
a invocar tramas desfeitas
e enigmas óbvios.
A linha da esfinge
a vigiar as pirâmides
e a promessa de vida eterna
De outras vidas
De outras chances
para desígnio dos fariseus
e de faraós
A linha fugidia do horizonte
dos raios solares dispersos,
dos rastros apagados,
da lama ressecada e,
da reta inusitada entre
meu desejo e o seu afeto.
Linhas.
Traços
Tramas
Trovas.
E, a poesia a percorrer o novelo
mágico de todas as linhas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/10/2019