O que esperam de mim? Durante longo tempo de minha existência, preocupei-me severamente com as expectativas alheias. Tenho certeza que frustrei alguns, outros surpreendi positivamente, e, ainda outros tantos, simplesmente não fui sequer notada. O que aliás, ao contrário da maioria das pessoas, deixava-me tranquila e feliz.
As vezes ser notada representa um peso, é como vivêssemos sob o julgamento contínuo de olhos atentos e línguas ferinas. Por vezes, não gosto de me arrumar adequadamente e, nem mesmo, pentear com esmero o cabelo. Simplesmente faço um coque e nada mais... Por vezes, além do desalinho, prefiro os sapatos confortáveis e baixos... Adoro tênis, e outras modalidades mais aprazíveis para caminhar. Pois a cidade, é sabido, repleta de buracos e armadilhas, não dá para estar com aquele scarpin salto 9, ademais, já sou alta o suficiente, tenho em torno de 1,78m.
Digo aproximadamente, pois li que quando envelhecemos encolhemos... Depois, que o tempo nos esculpe como gente, adquirimos uma certa serenidade e, finalmente, passamos a não dar tanta importância ao crivo alheio.
E, de repente, quando recebo algum sincero elogio ou até crítica. Fico feliz de ainda existir gente simpática e educada. Mas, fico com uma vontade danada de pedir a semente para disseminar por esses campos tão áridos e inférteis. Com meu ar blaisè fui dar a aula inaugural numa prestigiada faculdade da minha cidade, cheguei, sentei-me, e comecei a falar pelos cinquenta e cinco minutos que eram previstos.
Terminei. E, me assustei ao final, pois a plateia aplaudia de pé e extasiada. E, eu só havia falado coisas extremamente óbvias... Cheguei a conclusão que a sofisticação e o esmero estão em vias de extinção... Arf!!! Ainda bem que gostaram... as vezes agradar é simples ou, como dizem, alguns, é clean...