Fernanda é eterna.
Não fosse imorredoura
Seria tenaz.
Seria sagaz
Sensibilidade com inteligência.
Olhos vivos com alma acesa.
Fernanda é eterna.
Merecia ter um outro país.
Merecia ter menos censura.
Não fosse o pecadilho de ser atriz.
Seria uma santa pecadora.
Portadora de paradoxos.
De quase um século.
Guardou vestígios do infinito
nos grilhões invisíveis.
Mas o diamante duro de sua voz.
De suas palavras ditas com a precisão
de navalha.
A cortar na carne,
verdades ofensivas e mentiras delicadas.
Fernanda são três entidades.
Teatro, cinema e televisão.
Alma, corpo e espectro.
E, até na penumbra,
sua presença solar nos ilumina
e nos fazer pensar:
Para quê serve isso tudo?
Para lembrarmos como tudo gira,
tudo se transforma e se lapida.
Até que tudo seja apenas silêncio.
E a solitária compreensão restará
solitária.
Noventa novenas não bastariam
para louvar Fernanda.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/10/2019