De um lado o ferrão da abelha...
Do outro lado, o mel.
De um lado o veneno do escorpião...
Do outro lado, o dom de decidir-se sobre a morte.
De um lado, a beleza colorida da borboleta.
Do outro lado, a crisálida escura e misteriosa.
De um lado, a tartaruga longeva
que pode viver mais de cem anos.
Do outro lado, a procura sofrida pelo mar e
pela liberdade.
A metamorfose dos insetos.
Os segredos dos gafanhotos.
A comer secretamente a colheita.
A lua a nos espreitar
com seu lirismo mágico e sedutor.
E, nós enredados em teias e mosaicos
sem sentido.
Pulando de paradoxo em paradoxo
até acharmos o infinito.
Sem semântica.
Vivendo entre o ferrão e o mel.
Entre o veneno e a morte.
E a vida longa e a liberdade.
Talvez não conseguiremos tudo.
Talvez não sejamos mais que meros vestígios.
Perdidos num multiverso.
Sem rimas.
Só com as reticiências enigmáticas
que não conseguimos decifrar.
Decrifra-me ou te devoro!
Talvez decifrar seja devorar.
Um ato canibal nutrido
de interpretações.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/10/2019