A palavra "saudade" é uma palavra das mais recorrentes na poesia da língua portuguesa e também da galega. Sem esquecer na música. Em verdade, a saudade traduz a mistura de sentimentos de perdas, ausência, carência e amor.
Advém do latim solitatem, que significa solidão, perpassando pelo galego-português soidade que originou as formas arcaicas como soidade e soudade, que sob a influência da palavra "saúde" e "saudar" originaram à palavra atual.
Em nosso país, o dia da saudade é comemorado oficialmente em trinta de janeiro.
Há um mito muito antigo segundo o qual a palavra saudade somente existiria na língua portuguesa e, portanto, não haveria outros vocábulos equivalentes em outros idiomas, impossibilitando a escorreita tradução.
Porém, isso nem é verdade. Aliás, pode ser considerada uma palavra de difícil tradução, sendo reconhecida como a sétima palavra mais complexa na pesquisa feita com mil tradutores profissionais.
A sua etimologia vem mesmo da língua galega e a mirandesa e possuem variações do mesmo vocábulo. Em cabo-verdiano, há a palavra sodade que se disseminou através da voz de Cesária de Évora.
Para a curar a saudade, utilizamos a expressão "matar a saudade" que pode ser feita com a revisão de vídeos, fotografias, cartas e, mesmo, simplesmente conversar sobre o assunto e, ainda, reencontrar pessoa que estava longe e relacionada a um passado.
É bem verdade que o excesso de saudade pode acarretar certa angústia, insatisfação, nostalgia e tristeza e quando matamos finalmente a saudade, sentimos alegria e a volta imaginária da juventude.
Em galego além do termo "saudade", existe outro termo próximo chamado "morrinha" que em nossa língua é também associado à uma chuva miúda ou ainda, à uma doença de animal.
Antropologicamente a saudade é peculiar aos mamíferos sociais, de sorte que somos afetados tanto quanto os primatas, em face da afeição dedicada ao homem no caso do cão.
Recentemente, estudos e experiências científicas promoveram a separação em animais e humanos e exibiram resultados que indicam uma ligação específica entre a separação e aumento do cortisol e ainda sugeram a possibilidade de se desenvolver um remédio que promova o bloqueio do hormônio causador da saudade e ajude as pessoas durante a separação ou ausência do objeto de amor.
Ai que saudade eu tenho do uniforme de normalista, do incômodo cinto retangular e pontudo que quase furava meu abdômen... da esperança infindável que o aprendizado resgata tudo, até mesmo, a dignidade humana...
Do romantismo inerente à mocidade e, agora, só me resta o dejà-vu...
Ai que saudade me dá, a elegância do chapéu... tão enfeitado e pomposo...