Efigênia era a única filha numa família de onze rapazes, todos irmãos da mesma mãe e do mesmo pai. Em sua maioria, dedicados a lavoura, a plantação de milho, soja e, ainda, algumas hortaliças estranhas tal qual acelga. Efigênia era extremamente silenciosa e tímida, porém tinha olhos grandes e expressivos e uma fisionomia tranquila e pacata. Dificilmente Efigênia se irritava ou se agitava. Era calma... cuidava dos afazeres domésticos, particularmente porque sua mãe já estava envelhecendo e ficando com a saúde debilitada. Em certa festa de São João, no Arraial vizinho conheceu Anastácio. Um rapaz alto, moreno e brincalhão. Ela ficava admirada da risada dele e, de sua inexplicável alegria. Depois, subitamente, Anastácio se afastava da fuzarca e ficava contemplando a lua e mascando fumo. Foi seu irmão mais velho, o "capitão da nau", Juscelino que a apresentou a Anastácio... e, então, os olhos do rapaz brilharam como pérolas negras no fundo da concha. Ela sorriu, se apresentou também, e, ele, lhe revelara que seu nome era lindo e sonoro... O que no mínimo era inédito tendo em vista que na maioria das vezes era silente e quieta. Juscelino, seu irmão mais velho e também o mais querido, tinha esse nome em franca homenagem à Juscelino Kubitschek, o notável Presidente da República que fundara a capital, em Brasília, em meio ao inóspito cerrado brasileiro.
Ela também pensava se seria bom ou não casar-se com Anastácio, se bem, que era resignada à vontade da família. Pois não gostava de contrariar os pais e aos irmãos.
Efigênia era naturalmente cordata, no entanto, não era submissa ou serva de todas as voluntas... Por vezes, dizia um "não" baixinho, quase sussurrante, mas tão contundente como um canoro e espetacular monossílabo.
Efigênia contemplava pela janela o seu cavalo, chamado Soberano, um bonito macho de cor caramelo e pêlo brilhante. E, só aceitava a montaria de Efigênia, além de tudo, era leal... A dúvida maior de Efigênia, era saber se Anastácio tão alegre e fagueiro seria tão leal como Soberano... Dúvidas crueis. Esperanças reais. Apostamos sempre no escuro e a natureza ainda nos responde com charadas.