Existem palavras feitas de silêncio. Que passeiam nos desertos, ostentando semântica. E, seus signos fantasiados sempre nos despertam a atenção dos olhos, mas não da alma.
Velhos truques sobre as mesmíssimas coisas. Reprises cansativas sobre o repetido contexto. Palavras, gestos, jeitos, sentimentos e orações.
Existem palavras feitas de silêncio. Da ausência de fonética e de sílabas. Da ausência de pontuação ou firula. São palavras que caem no mais profundo eu que dormita em nós.
Por vezes, notamos o que não desejamos. Descobrimos o desafio para o qual ainda não estamos preparados. Eis que um suspiro se expressa, como preâmbulo da morte, e quase me ponho a desistir...
Falar, explicar, justificar e traduzir. Pra quê? Por que?
Se tudo não passa de um script dadaísta e sem sentido. De um surrealismo tão pungente que as imagens numa dinâmica louca, mudam a cada segundo e, depois, fenecem sem dizer adeus.
Existem silêncios contundentes. Que se podem cortar com faca. Mas que seja uma faca afiada. Muito bem amolada. Senão aquela bruma branca e densa, nos toma a visão, na total ignorância, passamos a tatear a realidade.
E, a se pendurar no infinito, para depois mergulharmos na profunda solidão que é procurar, em vão, um sentido em todas as coisas.
Não posso prosseguir sem o vetor e a reta. Pois a curva da Terra me faz convexa, quando eu deveria ser apenas côncava.