Os traços asiáticos
Olhos enigmáticos e lineares.
Um sorriso pequeno e discreto
Suas mãos pequenas e jeitosas
esculpiam gestos abstratos.
Os cabelos escuros na
tez tão clara
tingiam um contraste ainda
mais misterioso.
Para onde estava olhando?
Seria de soslaio.
Seria de ironia.
Ou apenas uma mirada qualquer.
Meus questionamentos quicavam
feito bola no convexo silêncio
repleto de reticências
e afetos paradoxais.
Uma borboleta pousou
diante da janela
envaidecida de ser livre
e laranja
numa cor de entardecer
mas,
em plena manhã.
O orvalho com o calor do sol
secou-se.
Evaporou-se magicamente.
Foi ser nuvem, e talvez,
um dia, venha a ser chuva.
Ou simplesmente lágrima
de quem está cativo e não sabe.
De quem suporta os grilhões
na inocência ou na ignorância.
Quantas almas cativas permanecem
em degredo?
Quantas almas libertas permanecem
em segredo?
Muitas. Poucas ou nenhuma.
A quantidade não importa mais.
Tudo passa como a areia da ampulheta
que só volta a escorrer,
quando invertê-la novamente
Um segundo ou um século.
E, seus olhos marcaram-me feito uma
cicatriz eterna.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/07/2019