A poesia é inata.
Está no vento.
Está na lágrima.
Está em silêncio.
Entoando mantras.
Ou esboçando frases.
A poesia nos espreita.
Naquela esquina perigosa.
Naquela passarela balouçante.
Naquele degrau íngrime.
Mas, no mais alto lume.
A estrela e a poesia se cumprimentam.
E, como nipônicas, se reverenciam.
Respeitosamente.
E, vem a lua devargazinho
Assentando-se no céu seu brilho
de pérola e de mistérios intrigantes.
A poesia é insinuante.
Nas pombas. Nos pássaros.
Na minhoca e até mesmo nos insetos
que em volta da lâmpada
procuram o calor para depois
falecer.
Batem as asas até fenecer.
Há poesia até na morte.
Nas tragédias urdidas na madrugada.
No infinito silencioso das reticências.
Na cadência das músicas de infância.
E, na palavra subreptícia.
Nunca pronunciada.
Não se materializou mas se
imantou em almas, nos espíritos
e, principalmente, na esperança
teimosa de sobreviver.
Sobreviver com dignidade.
Mais um dia.
Mais uma hora.
Mais uma noite.
Mais uma lua.
E, diante de milhões de estrelas
a desenhar o improvável
das constelações
Já a certeza incerta e
irremediável de um universo inteiro.
E de sermos apenas um átomo corrediço,
como um corisco no céu.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/06/2019