O diagnóstico era horrível. Havia um tumor do tamanho de uma laranja bahia. Talvez fosse inoperável. Talvez houvesse metástase. Mas, precisava-se de maiores exames para avaliar tudo. A princípio, teria no máximo três meses de vida. Minhas filhas eram pequenas e bateu um desespero agudo. Fui procurar uma segunda opinião médica. Carregando um dos exames já feitos. Minha mestruação já durava dois meses, continuamente. Não aguentava mais usar modess... Um novo médico, mais velho, com um semblante forte, me recebeu, numa consulta por encaixe (ai, eu me senti um lego defeituoso). E, aí, ele pronunciou as palavras mais lindas que já ouvi na vida: - Calma, quando vc pode operar? Pode ser amanhã. Vou colocar você em pré-operatório hoje, e amanhã extirpamos o tumor. Desse dia, até a anestesia não preguei o olho.Cheguei em casa aflita, e não quis contar para todo mundo, só contei para minha irmã. E lhe pedi sigilo. Afinal, não era preciso alarmar todo mundo. E, quando acordei. Lá estava o sisudo, me mostrando a pérola do tumor enfiado dentro de um vidro com éter. Arre... Eu então lhe agradeci, por ter me dado uma sobrevida. E, pedi, para não me mostrar não. Porque simplesmente isso é horrível e estava me matando! Estiquei os olhos até uma janela próxima e contei dez rolinhas pousadas no fio, achei lindo e poético. Bem vindas, rolinhas, eu voltei!