Eu era portadora da notícia de morte da amiga. E, tinha a missão ingrata de contar à família. As circunstâncias eram trágicas, um desastre automobilístico fatal. Íamos a um congresso. A maioria de ônibus e, ela de carro, dirigindo. Uma carreta desgovernada atravessou a estrada abaixo e, albarrou o carro que virou, no final, uma lata de sardinha amassada e desidratada.
Ficamos todos consternados, e eu como era quem mais perto morava da casa dela, tive essa ingrata missão. Fui juntamente com o Diretor da Associação. Meus olhos entristecidos e minhas palavras murchas escapavam sem timbre.
Quando chegamos à casa, mirei a porta concisa, e a toquei firmemente. A campainha parecia não funcionar, em tão bati na porta de forma sólida e rígida. A porta foi aberta rangendo, parece que pressentia o mau aviso. Uma senhora de cabelos curtos e brancos nos recebeu, e estava espantada com a visita. Afinal, esperava a filha.
E, procurando as palavras como se fossem relíquias, fui resgatando alguma esperança de dar a notícia de forma suave e humanizada. Infelizmente, aconteceu um acidente... mal balbuciei a notícia, e a senhora despencou a chorar... As mães sempre pressentem o que acontecem aos seus filhos. É uma espécie de filosofia intrínseca em todo afeto de mãe.