"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


 
É bom lembrar que o inferno é a primeira parte da Divina Comédia de Dante Alighieri, sendo as outras duas partes o Purgatório[1] e o Paraíso. Aliás, está dividindo em trinta e quatro cantos. A viagem de Dante representa uma alegoria através da qual se demonstra o conceito medieval[2] de inferno, guiada pelo poeta romano Virgílio[3].
 
O inferno[4] composto e descrito em nove círculos de sofrimentos comumente achados dentro da Terra.
 
O primeiro círculo é o limbo[5] que se destina para todas as almas sem batismo, sua punição é a eternidade sem a visão de Deus.
 
Em seguida, o segundo círculo[6], o Vale dos Ventos, onde seriam realizados os julgamentos[7] dos pecadores por Minos, para que fossem encaminhados para o círculo correspondente aos seus pecados praticados na Terra e, recebessem justas punições devidas.
 
O terceiro círculo é o Lago da lama reservado aos que sucumbiram ao pecado da gula e viviam atolados em lama densa e debaixo de constantes tempestades, sem poder falar uns com os outros, já que em vida, a alegria era baseada em conforte de comer além dos limites normais.
 
O quarto círculo conhecido por ser a Colina da rocha, onde os situavam-se os avarentos e pródigos, Aqui, as riquezas materiais terrenas se transformariam em enormes barras de ouro, que uns deveriam empurrar contra os outros, em oposição às suas atitudes em Terra.
 
No quinto Círculo (Rio Estige) há logo em sua entrada uma cachoeira de água e sangue borbulhante e fervente cuja água era mais escura que roxa. A água descia por algumas praias e formava um lago que se chamava Estige, onde estão amontados os acusados de ira, que estão juntos batendo-se e torturando-se numa raiva infinda.
 
Bem no fundo do rio Estige estão os rancorosos que jamais demonstraram a sua ira, e eles não podem subir à superfície e ficam presos na lama do fundo do rio, soltando bolhas que se chegam à superfície.
 
Flégias[8] que incendiou o templo de Apolo por ter violado sua filha, vêm fazendo com sua barca a constante travessia do Rio Estige. Quando Dante e Virgílio fazem a travessia e Filipe Argenti, um nobre florentino, que se agarra ao barco e conversa com Dante, sendo depois puxado para o pântano pelos seus companheiros.
 
O oitavo círculo[9], o Malebolge é todo em pedra e da cor do ferro, assim como a muralha que o cerca. Eis que aqui ficam os fraudulentos. Tal círculo é ainda dividido em dez fossos ou Bolgias, semelhantes aos fossos que defendem certos castelos, os fossos são interligados por meio de pontes.
 
No primeiro fosso situam-se os rufiões e sedutores que são continuamente açoitados por demônios. Eis que aqui está Venedico Caccioanimico e Jasão.
 
Segundo fosso onde se situam os aduladores e lisonjeiros e estão submergidos em fezes e esterco. Em vida, eles exploravam os outros ao tirar proveitos de seus medos e desejos; sua arma é a linguagem fraudulenta, através de raciocínios falsos, que destroem a comunicação entre as mentes. Eles estão imersos nas próprias fezes, a sujeira que deixaram no mundo. Eis que ali está Alessi Interminei de lucca, Medeia e Isifila.
 
No terceiro fosso, estão os simoníacos (traficantes de artefatos sagrados) que estão enterrados de cabeça para baixo e suas pernas são assadas por velas. Tal punição também é aplicada aos assassinos de aluguel, pelas leis da República Florentina.
 
Os simoníacos que perverteram a Igreja são batizados ao contrário, assim, ao invés de óleo, o fogo é aplicado aos pés. Vários condenados ocupam o mesmo buraco onde são empilhados, ficando apenas o mais recente com as pernas de fora. Aqui está Papa Nicolau III, o maior simoníaco e, ainda, o Papa Clemente V[10], o mais corrupto dos papas[11].
 
O quarto fosso estão os adivinhos que possuem a cabeça torcida, voltada para as costas, de forma que não conseguem olhar para frente.
 
Assim, segundo Dante, as lágrimas molham suas nádegas. É a punição por alegarem saber o futuro que somente Deus sabe. Aqui está Tirésias, Manto, Eurípilio e Guido Bonatti.
 
No quinto fosso,  estão os corruptos submergidos no lago espesso de piche fervente, e os que tentam ficar com a cabeça acima do caldo, são então torturados por demônios que os dilaceram.
 
Os demônios e o significado literal dos nomes que habitam o quinto fosso são: Malacoda (malvada cauda); Calcabrina (pisa neve); Alichino (asa baixa); Cagnazzo (focinho de cão); Barbariccia (barba crespa); Libicocco (libiano); Draghignazzo (dragão feio), Graffiacane (esfola-cães); Ciriatto (porcalhão), Farfarello (duende), Rubicante (vermelhanço) e Scarmiglione (cabelo bagunçado) [12].
 
No sexto fosso estão os hipócritas estão vestidos com roupas brilhantes, atraentes, porém pesadas como o chumbo.
 
Este é o peso que não sentiram na consciência ao fazerem maldades. E, nesse inferno, sentem o peso de seu falso brilho. Eis que aqui estão os frades Catalano e Loderingo.
 
No Sétimo fosso, estão os ladrões que têm seus corpos roubados constantemente por serpentes, e outros répteis monstruosos que os atravessam e os desintegram, roubando-lhes os traços humanos. Eis que essa era a punição por terem se apoderado do que não era seu, sendo que agora, as serpentes se apoderam de suas próprias identidades.
 
Eis que aqui está Agnelo dei Brunelleschi, um nobre florentino que apareceu inicialmente com uma alma humana, mas depois outro nobre, Cianfa dei Donati, se mescla com Agnel, e assim aparece pela primeira vez como um réptil de seis patas. Também estava ali Puccio Sciancato outro nobre florentino, mas era o único que não se transformava em serpente durante a visita de Dante.
 
No oitavo fosso estão os maus conselheiros envoltos em chamas, oceanos de lava e uma tempestade de raios contínua e interminável. Em vida eles induziram os outros a praticar a fraude e a pecarem.
 
Assim, são condenados ao fogo[13] que os atormenta e como pecaram através de suas línguas, agora a fala só pode passar pela língua chamada furtiva. Aqui está Ulisses[14], Diomedes.
 
O nono fosso estão os semeadores de discórdias que são esfaqueados pela espada de um demônio, que os pene causando mutilações em partes do corpo representativas do tipo de discórdia que provocaram.
 
Eles estão com as entranhas para fora, aparecendo seus estômagos; alguns têm a cabeça cortada, outros, os braços e as pernas e, outros, a língua, as orelhas ou o nariz. Existem três tipos de semeadores de discórdias, a saber: Criadores de cismas religiosas, instigadores de conflitos sociais e semeadores de desunião familiar. Eis que estão ali Geri Del Bello e Bertrand de Bom;
 
O Décimo fosso estão os pecadores que cometeram qualquer tipo de falsificação, jazem cobertos por tipo de doença e pestilência.
 
São os que falsificam remédios, comida e constroem prédios e casas com materiais de baixa qualidade. O pessoal que construiu os prédios lá na Muzema[15], no Rio de Janeiro, certamente estarão aqui.
 
Existem quatro tipos de falsificadores, a saber: os alquimistas que são inchados pela hidropsia; simuladores que são atacados pela lepra e pela sarna; Os falsos que são transformados em loucos e, os mentirosos que são atacados por febres ardentes e por uma sede eterna.
 
O sexto círculo era o cemitério de fogo destinado aos hereges, dentre aqueles que não reconheciam a existência de Deus. Eram confinados em túmulos abertos dos quais saiam fogo eterno, fazendo um paradigma com a punição dada pela Igreja Católica a estes: a fogueira.
 
O sétimo círculo[16] era o Vale flegetante designado aos violentos, no entanto, classificavam três formas de violência, isto é, existem três vales, sendo estes, os primeiros para as almas que foram violentas com seu próximo, o segundo vale direcionado para os suicidas[17] e o terceiro vale dirigido aos que praticaram a violência perante a Deus. E, nesse círculo, os assassinos eram imersos no sangue que derramaram em vida.
 
O último círculo do inferno era o Lago Cócite correspondendo a um abismo gelado[18] de Lúcifer, no qual acontecia a punição pelo pecado da traição, seja esta contra sua própria família ou a pátria. O ódio dos pecadores que aqui habitavam era tão intenso que uns se alimentavam dos cérebros dos outros[19].
 
E, provavelmente em referência do escritor à traição de seus conterrâneos florentinos à sua pátria, dado que na época de Dante e de seu exílio de Florença, a cidade era um palco de lutas políticas pelo poder entre diversas facções.
 
Ao final, Alighieri conseguiu se libertar de todos os pecados[20] do inferno. Ao final. Dante avistou Lúcifer[21] e o descreveu como uma figura de três cabeças, suas asas batiam sem parar, num lugar gélido e sem o menor resquício de vida, o que mostra que o Inferno, propriamente dito, era um lugar opostamente diferente daquilo que pregava as crenças populares.
 
O inferno conforme foi descrito por Dante em sua obra no século XIV ficou muito marcado na cultura popular e, auxiliou a criar a noção de um inferno relacionado à paixão, desejo, pecado e condenação.
 
A Divina Comédia[22] é epopeia clássica da literatura ocidental e, ao descrever toda a peregrinação do personagem Dante pelo Inferno, Purgatório e Paraíso, o autor explorou e expandiu as perspectivas filosóficas, religiosas e científicas de seu tempo.
 
Há menção de concepções da astronomia evidentes na obra, com os astros em órbitas concêntricas em torno da Terra. Deixou amplo espaço para interpretações de ordem literal, moral, analógica, alegórica e também mística.
Visite a obra de Dante através do site: https://digitaldante.columbia.edu/dante/divine-comedy/
 

[1] Segundo a pesquisa de alguns historiadores, a ideia de que o purgatório fosse um “lugar à parte” somente tomou forma entre os séculos XII e XIII. Contudo, engana-se quem acredita que esse terceiro destino no post mortem seja uma proposta originalmente concebida pela cristandade ocidental.
Os próprios judeus acreditavam que aqueles que não eram nem bons ou maus seriam levados a um lugar onde a pessoa sofreria castigos temporários até que estivessem aptos para viverem no éden. Entre os indianos, os “intermediários” poderiam viver uma série de reencarnações que os levariam até os céus ou ao inferno. Sem dúvida, podemos ver como a própria condição do homem e suas experiências históricas influíram na visão de mundo de várias crenças.
[2] Na Idade Média predominava o senso comum de que o inferno situava-se no subterrâneo terrestre e existiam lendas de pessoas que chegaram a ver a fumaça saindo através de buracos do chão. Por isso, Dante, colocou Satã na parte mais profunda do inferno, ou seja, o nono círculo. Mas, na versão de Milton, o inferno é distante da Terra, vista como um lugar puro e perfeito e que não comportaria o centro da maldade.
[3] De modo geral, os autores concordam que Virgílio, na Divina Comédia representa a Filosofia ou a razão humana, capaz de compreender o inferno e o purgatório, mas não a visão beatífica do céu. Para isto, é necessária a Fé, que Virgílio, sendo pagão, não tinha. Por isso, Virgílio não acompanha Dante no céu. Lá ele precisa ser guiado, não pela sabedoria natural humana, e sim pela Sabedoria sobrenatural ou pela Teologia. É isto então uma das coisas que Beatriz simbolizaria.
[4]  O inferno descrito por Dante era em formato de cone que incluía nove círculos concêntricos que se afunilavam conforme ficavam mais profundos, até chegarem ao centro da Terra. Para qual deles, você é enviado conforme o pecado cometido, com círculos destinados e específicos para glutões, hereges, violentos, fraudadores, assassinos. Sobre o ponto central superior, na superfície terrestre está Jerusalém. 
O rio Aqueronte percorre todo o inferno, separando-o do mundo exterior. Mas, fora do inferno, há também sofrimento e punição, estão as pessoas que nunca fizeram nada de bom e nem de mal. E, são penalizadas por sua neutralidade, vagando pro toda eternidade sendo picadas por vespas e tendo o sangue bebido por larvas.
[5] No limbo estão aqueles que morreram antes da chegada de Jesus ao mundo, os pagãos virtuosos, e os não batizados, principalmente crianças.
As almas são fadadas a vagar sem destino na mais completa escuridão - onde não é possível enxergar nada, segundo Dante - que representa a mente que nunca foi iluminada pela mensagem do Evangelho. Ao contrário dos outros círculos do Inferno, no Limbo as almas não gritam de dor; aqui só podem ser ouvidos os seus suspiros.
[6] Na obra de Dante, salientou o professor Dante Brunetto Latini que é no sétimo círculo há a punição para o sexo não natural, mas o pecado da luxúria é expiada no segundo círculo (o primeiro sendo o limbo, lugar que costuma abrigar os bebês não batizados e aqueles que não cometeram pecados, mas não são cristãos). Observa-se, portanto, que a luxúria é colocada como pecado menos grave do que outros, que são punidos em ciclos mais profundos.
[7] Quem és tu que queres julgar, / com vista que só alcança um palmo, coisas que estão a mil milhas?
[8] Flégias, mitológico rei dos Lapiti, é tomado emprestado da Eneida e da Tabaida de Estácio (que no Purgatório vai acompanhar, por um tempo, Dante e Virgílio). Sua história é emblemática da ira levadas às extremas consequências. De fato, tendo ficado com raiva de Apolo por ter seduzido sua filha, matou-a e queimou o templo do deus em Delfos.
[9] Reputa-se que mesmo tendo sido escrita por um autor católico convicto, a Divina Comédia trouxe referências da mitologia islâmica. E, tal possibilidade foi aventada pelo historiador espanhol Miguel Asín Palácios no livro intitulado La Escatologia Musulmana em 1920. Apesar de parecer um absurdo aos leitores cristãos, Maomé de fato apareceu no oitavo círculo do inferno.
Pois, a história descrita muito se parece com a Viagem noturna de Maomé, e segundo a tradição muçulmana, o profeta teria passado uma noite inteira viajando pelo Inferno e pelo Céu ao lado do anjo Gabriel e falando com Abraão, Moisés e Jesus.  Na década de quarenta foram descobertas outras versões dessa história em latim, que circularam no século XIII o que reforçou a suspeita erguida por Palácios.
[10] Nascido Bertrand de Gouth foi Papa entre Junho de 1305 até a sua morte. Foi eleito após um longo conclave realizado em Perugia,  onde se defrontaram os interesses dos cardeais italianos e franceses. Isso acontece após um pacto selado com o então rei da França, Filipe, o Belo, no qual o monarca, com seu poder e influência o ajudou a alcançar esse lugar principalmente para que retirasse a excomunhão da família real francesa, colocada pelo Papa Bonifácio VIII.
O seu pontificado ficou marcado por duas coisas: pela mudança da Santa Sé de Roma para Avinhão em 1309, justificado pelos tumultos existentes em Itália, e pela destruição trágica da Ordem  dos Cavaleiros Templários (ordem criada pela própria Igreja Católica), que defendiam e protegiam os cristãos pela Terra Santa. Clemente V foi forçado por Felipe à realizar uma investigação  post mortem contra a memória do Papa Bonifácio VIII, inimigo de Felipe, que forjou acusações, porém durante o Concílio de Vienne, que se reuniu em 1311, a ortodoxia e moralidade do papa morto foi confirmada.
[11] O teólogo Erasmo de Roterdã (1466-1536) escreveu um diálogo chamado “Júlio Excluído”, onde o papa Júlio 2º (1443-1513) tem sua entrada no paraíso rudemente recusada. Michelangelo (1475-1564), em seu afresco O Juízo Final, na Capela Sistina, mostra pessoas reais sendo puxadas para o inferno, entre elas um assessor papal, Biagio de Cesena, que se opôs à intenção do artista de incluir nudez em seus trabalhos e é mostrado tendo os genitais comidos por uma serpente. Dante também coloca no inferno uma série de pessoas que realmente existiram, entre elas alguns amigos, e os famosos traidores Cássio, Brutus e Judas.
[12] O inferno está repleto de criaturas mitológicas e pagãs. Há centauros, o minotauro e cachorro de três cabeças, Cérbero. E, Michelangelo incluiu Caronte, o barqueiro dos rios Estige e Aqueronte que levava as almas dos pecadores para o inferno.
Enfim, o inferno é um pandemônio, isto é, todos os demônios, embora tenha recebido ao longo do tempo a definição de um caos barulhento. O inferno tem portões onde há uma famosa inscrição "abandone toda esperança aquele que por aqui entrar". Menos famosas são as outras linhas que incluem a alegação de que o interior foi criado pela " mais alta sabedoria e amor primordial".
[13] Reconhece-se também que muito pouco dessas ideias provém da Bíblia, pois não faz referência ao inferno e às chamas. Aliás, muitos dos detalhes de Dante foram inspirados pelos mitos gregos e romanos e, a vasta maioria das concepções mais recentes é resultante ainda do imaginário medieval ocidental. “No caso do ‘inferno’, a palavra hebraica para o termo é sheôl, que geralmente é traduzida para o português como ‘abismo,  tumba, ou sepultura’, e aí o número subiria muito”, explica.
[14] A morte também era considerada uma viagem da Alma. Em outras culturas a idéia de viagem também fora valorizada entre os heróis mitológicos gregos e suas travessias marítimas em busca de aventuras, como Ulisses ou Jasão. A morte do Deus egípcio Osíris na água também se ligava à idéia de renascimento.
[15] A concepção atual de inferno é provavelmente um legado deixado pelo poeta inglês John Milton cujo poema épico intitulado Paraíso Perdido retratou em minúcias o inferno vivido por Adão e Eva, descrido como uma grande fornalha cujas chamas oferecem nenhuma luz, mas sim, uma escuridão visível.
 
[16] A representação do sétimo círculo do inferno é uma figuração dos mecanismos de pensamentos pertencentes ao homem medieval que condenava e punia os atos violentos. O inferno de Dante possui diversas representações coletivas, signos que pedem um significado.
A necessidade de manter a ordem na sociedade tornou possível a ambientação de um local que condenasse aqueles que fugiam ao modelo de sociedade apresentado. A proliferação do caos foi sinônima de intervenção maligna, ou de tentação do diabo. O sétimo círculo informa quais eram as violências condenadas por Dante: a violência contra o outro, contra a si mesmo e contra Deus.
[17] Para o poeta italiano, os semeadores da discórdia são cortados em pedaços, e os suicidas vivem como árvores pelo fim dos tempos. Aduladores nadam em mares de excrementos e traidores são condenados a terem suas cabeças comidas por aqueles que traíram.
[18] Para Dante, o demônio está imerso em gelo até a cintura e sempre enfrenta frio, mesmo no calor do inferno. Apesar de todo o fogo, Milton também diz que em algumas regiões do inferno há gelo, neve, granizo e ventania.
[19] Esfera da Judeca: Aqui estão aqueles que, em vida, traíram seus mestres e reis. Eles sofrem intensamente por estarem submersos totalmente no gelo do Cócito, conscientes, para a eternidade; segundo Dante, alguns estão deitados, outros encolhidos e outros de cabeça para baixo.
Aqui reside Lúcifer, também preso no gelo até o meio do peito, peludo, com enormes asas que possuem membranas como a dos morcegos no lugar de penas, provoca um vento sentido por toda a esfera, ele tem três cabeças e com cada uma delas, morde um dos três maiores traidores da história: Judas, Brutus e Cassius. O nome vem de Judas, o traidor de Jesus Cristo.
[20] Algumas frases da obra de Dante Alighieri: O medo se deve somente àquelas coisas que podem causar algum tipo de dano; As outras não, pois não fazem nenhum mal; Considere a sua origem. Não foste formado para viver como os brutos, mas para seguir a virtude e o conhecimento;
No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise; No entanto, em A Divina Comédia aqueles que "non furon ribelli né fur fedeli" — não se rebelaram nem foram fiéis a Deus — ocupam o vestíbulo do Inferno, uma região que não é quente ou fria; a parte mais "profunda" do Inferno, um lago congelado, era reservada para os traidores;
Louco é quem espera que a nossa razão possa percorrer a infinita via que tem uma substância em três pessoas; A contradição não consente o arrependimento e o pecado ao mesmo tempo.; Quanto maior é a sede, maior é o prazer em satisfazê-la.; O mundo é cego, e tu vens exatamente dele; A fama que se adquire no mundo não passa de um sopro de vento, que ora vem de uma parte, ora de outra, e assume um nome diferente segundo a direção de onde sopra.
[21] Quanto ao aspecto físico, a feiura de Lúcifer se apresentava tão horripilante que nos faz pensar quão imensa fosse sua beleza e sua luz antes da queda, fica assim imaginada a beleza celestial do anjo, proporcional àquela feiura real que o viajante descreve.
Outra questão é o fato de Lúcifer ter se rebelado contra seu criador, resolvendo assim a dúvida em torno do porquê da queda, e a terceira dúvida, como Lúcifer é o responsável pelo mal, pois é dele que decorrem os males que invadem e afligem o mundo.
[22] O termo "comédia" foi utilizado pelo autor e nasceu em ordem antípoda à Tragédia, que traz em sua essência um início bom e final ruim. Por sua vez, a Comédia, tem um início doloroso, passando, ao final de sua essência, ao bom.  Ressaltando-se que o cabeçalho original da obra de Dane foi apenas Comédia, sendo, em momento posterior à sua primeira edição em 1555, acrescentado o adjetivo Divina, ao título da obra.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/04/2019
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