Por incrível que pareça as gárgulas são desaguadouros, são a parte mais saliente das calhas dos telhados com a finalidade de escoar as águas da chuva a uma certa distância das paredes, principalmente para lhe pouparem
da umidade. Especialmente na Idade Média as gárgulas eram ornadas com figuras monstruosos, humanas ou animalescas, ou até híbridas, estando normalmente presentes na arquitetura gótica.
A palavra se origina do francês gargouille, do latim gurgulio, gula. E, daí desdobram-se palavras similares, da raiz gar, no sentido de engolir. Representante algo gorgulhante, reproduzindo o soom da água. Acreditava-se que as gárgulas eram estrategicamente colocadas nas Catedrais para indicar que o demônio nunca dormia, exigindo assim vigilância dos fiéis, mesmo em locais sagrados.
A quimera era uma figura grotesca muito parecida com as gárgulas porém não era um desaguadouro e, tinha apenas funções estéticas e ornamentais.
Nos templos gregos, a água dos telhados passava através da boca de leões que eram esculpidos ou modelados em mármore ou terracota. Em Pompeia, muitas gárgulas de terracota foram encontradas e eram modeladas em forma de animais. As quimeras são igualmente assustadoras, mas que de pássaro não têm nada, pois sua cabeça é de leão, seu corpo é de bode e seu traseiro é de dragão.
Há uma lenda francesa em torno do nome de São Romano (641 depois de Cristo) que foi o primeiro chanceler do Rei merovíngio Clotário II, que foir feito bispo de Ruão. Relata a lenda como ele e mais um prisioneiro voluntário derrotaram uma Gárgula, um dragão-do-rio ou serpente-do-rio que vivia nos pântanos da margem esquerda do Rio Sena, em Ruão.
E, que afundava por crueldade os bargos e, ainda devorava as pessoas e animais da região. Um dia, o bispo atraiu a Gárgula para fora do rio com um crucifixo e, usando seu lenço púrpura como cabresto, levou o monstro até a praça principal. E, lá, os aldeões a queimaram até a morte.
As gárgulas são um tipo de guardiãs do templo para lembrar de que nada poderia ameaçar o fiel e lá dentro da catedral, o mal seria mantido fora. Em alguma medida, as gárgulas nutrem os pesadelos humanos sendo mesmo quase impossível não imaginá-las em súbito movimento, sobrevoando nossas cabeças e aterrorizando-nos no breu da noite.
Também a Torre de Londres, na Inglaterra é rodeada por gárgulas, cada uma com uma feição diferente. A historiadora Adrienne Mayor, especialista em ciência antiga e folclore acreidta que as gárgulas foram inspiradas pelos restos de esqueletos e ossos de dinossauros encontrados por pesquisadores gregos e romanos. E, muitas são semelhantes às lendas e figuras celtas antigas, como o Homem Verde ou Jack in the Green, o deus da adoração das árvores.
Os artistas pagãos que criaram tais estátuas se inspiraram por sua cultura e representam os últimos vestígios de paganismo de uma época quando Deus seria ouvido através das árvores e de planícies fluviais. Outras, porém, representam os sentimentos inerentes à natureza humana e medos subsconscientes do homem que são tentativas de definir ou incorporar os males do mundo como se fossem coisas controláveis.