Sinceramente não acredito que exista o último desafio. Nem mesmo com a morte, deixamos de ser desafiados. O desafio diário de manhãs incandescentes, de trafegar pelo dia e chegar até a noite. Com muitas estrelas e sem lua. De atravessar anos e anos de evolução e, conseguir, afinal, sobreviver a seleção natural das espécies. Num mar da competitividade contemporânea a nos exigir crescentes habilidades, dons e inteligências, se conseguíssemos vencer o último desafio, o que nos restaria? O tédio de ter alcançado o patamar mais elevado numa tribo quase feudal, rodeada de fossos sem jacarés? Ou ter a obediência cega às regras impostas pelos vencedores. A história é um mero relato seleto dos vencedores. As razões da vitória e do fracasso sofrem múltiplas versões. Talvez nosso desafio seja superar a última versão. O real desafio é defender a necessidade do ser humano ser digno, livre e, se possível, feliz e pleno. Por detrás de cada desafio, colocamos em xeque algo que só aparentemente é fruto do consenso prevalente. O maior desafio de todos é sabermos de nosso finitude e fragilidade e, adquirir conhecimentos necessários para não apenas sobreviver, mas, para deixar algum legado para o futuro, nem que seja anonimamente. Sem medalhas, sem méritos e sem citações diretas ou indiretas. E, não passar impunemente pela vida, senão ao menos, colher o máximo de aprendizagem e, ainda assim, persistir em ser aprendiz.