Drumond, você não é só poeta. Você é um raio que aciona toda emoção humana. E, um dia não mais voltará. Não voltará o trem, o minério, o coração e nem esse sentimento moído dentro da gente que derrete-se pelos olhos.
Um dia, foi-se a mocidade, foi-se o amor e foi-se a lembrança mais cândida.
Esquecida no tempo, esquecido no coração ou numa gaveta qualquer.
Não trancarei as gavetas. Minhas gavetas podem ser abertas. A qualquer hora. De qualquer forma. Basta um olhar. Basta um suspiro. Ou simplesmente a rima imprecisa de lirismo certeiro.
Um dia, nenhum de nós voltará, mesmo assim, ficaremos nas lembranças e nos ventos por onde passamos. Na eternidade intrínseca do momento.
E, você será para sempre o poeta de ferro, que brilha pela simplicidade genial. Respondendo ao um de seus poemas, lhe digo: só podemos amá-lo num círculo avassalador, por escrever tanto sobre o que nos inunda e tanto nos caracteriza. Diante do silêncio monumental, você disse: Êta, vida besta! Mas depois de você todos os silêncios são semânticos e miraculosamente nos remete aos seus poemas. À poesia essencial que há em todas as coisas e mora secretamente dentro de nós.