Olhando-me no espelho
Vendo minha figura
reproduzida em minha íris.
Uma reprise de si mesma.
Com a docilidade cândida
e hipnótica.
As palavras, os gestos
e o corpo...
em coro sincrônico
perfaziam uma presença
penetrante que inundava o ambiente.
Nas paredes,
quadros abstratos e concretos
Olhos que enxergam e cirúrgicos
captam a essência de cada coisa
Nas roupas
No perfume
e nos sapatos
enfiar-se até estar
civilizada.
Ainda que a alma selvagem
creptasse feito labaredas.
Queimando paradigmas
Arquitetando paradoxos
Exibindo antíteses
Justificáveis
apenas por licença poética
ou transgressão disciplinar.
Encarar-se dentro da trajetória
sem sentido.
De vetores cruzados e confusos.
De mensagens cifradas ou óbvias.
Entre apelos e discursos.
A conversa mansa dos rios.
O bafejo do mar.
E o vento a sussurar
desejos incontidos.
Ou talvez uma lápide
futura.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/02/2019