Eis o paradoxo, a desafiar a lógica. A zombar de afetos e lembranças. Eis o paradoxo que nos cutuca. Incomoda-nos a fazer refletir em ter riquezas ou ter vidas. Ter o concreto ou possuir o etéreo.
Em ter escolhas ou ser um lacaio guiado pelas circunstâncias. Em ter liberdade ou ser mais um inseto em volta da lâmpada. Que segue instintivamente em busca de luz e aquecimento.
Eis o paradoxo. A questionar, quantos por quês restam sem jamais serem respondidos? Quantas causas ocultas sussurram na pemumbra do tempo ou os desvãos do caminho ?Você foi à direita. Outros à esquerda. E, outros ainda, não acreditavam nas opções oferecidas. Estancaram.
No leque imaginário de soluções, a abanar o desvario, a indecisão e angústia. E no vento que soprava respostas ininteligíveis.
Eis o paradoxo, de novo e, de novo. Será morte o fim dos paradoxos? Será a vida eterna o estigma de expiar os pecados pela sofreguidão de procurar a ser perfeito. Além de adequado e eficaz.
Ser perfeito, feliz e pleno na finitude cúbica de planeta aquoso.
Eis o paradoxo, o remédio que é um pequeno veneno a comportar alguma cura e propiciar uma eternidade mínima para haver só arrependimento. Quanta palavra malsã arremessada na conversa enviesada, quanto grito de dor sufocado capaz de semear tempestades e ódios instantâneos.Quanto silêncio agnóstico que só gritava perplexidades.
Quanto gesto inexplicável. Rejeições, aversões e, sobretudo, o medo. Eis o paradoxo se não enfrentamos nossos infernos e demônios, não conheceremos a paz e compreensão. Se não adentrarmos ao redemoinho, jamais conheceremos a dinâmica.
Se não desafiamos a lógica e a retidão, não conheceramos a sabedoria intrínseca de tudo. Contida na ameba, no parasita, no inseto, nos dedos em digitação e da mente inquieta que suicida, pois se abandona sem semântica, semiótica ou interpretação.
Por vezes, tudo que temos, em verdade, são paradoxos. Aliterações, charadas e chistes. Que nos soterram pois acreditamos que estávamos seguros. Porque acreditamos no próximo, quando tudo pode ser apenas mais uma mera ilusão.
Quando percebemos o outro é uma projeção invertida de nós mesmos, como num espelho, onde o côncavo e convexo conversam animadamente.
O único e último vestígio da realidade que temos, por fim, é o paradoxo.