Por meio de meus poderes telepáticos, leio sua alma na velocidade da luz. E, dentro de seus olhos, vejo a sua carência afetiva encostada no fundo de sua íris. O céu parece azul, mas é apenas ilusório. Você parece sincero e veraz, mas poderá ser apenas um disfarce para sua imensa fragilidade. Seus músculos desenvolvidos, seu peitoral em riste e, seu sorriso tão sedutor são armas de quem implora para ser amado e aceito. Novamente meus poderes invadem seu espírito e perscrutam e vasculham procurando conteúdo. Essências humanas, características banais e não a hipocrisia de uma pretensa perfeição. Meus poderes mediúnicos que atravessam auras que percorrem as luzes e as trevas a procura de um sentido. De um vetor, de uma força ou mera justificativa para estar diante de você, para falar com você, para pensar em você e. dedicar-lhe algum afeto, afeição ou simplesmente um olhar. Um olhar que o humanize. Um olhar que identifique como único dentre toda a humanidade. Um olhar que através da lágrima é capaz de curar mágoas e resgatar piedade. Meus poderes de hoje. Talvez não sejam os mesmos de amanhã. E, muito menos, os do passado, quando já fui criança, menina e tinha a ilusão que todos tinham realmente a chance de ser feliz.