É uma enorme ousadia pretender escrever para Deus. Ainda mais que ele não precisa de leitura para entender tudo. Afinal, tudo foi sua criação. Mas, eu sou uma criação defeituosa, e pretendo dirigir meus desejos mais recônditos em mal traçadas linhas.
Em uma letra calígrafa, na intenção de que meus afãs sejam atendidos. Senhor Deus, cuide bem de minha mãezinha. Diferente de mim, ela era baixinha mas era uma mulher enorme. Dotada de poderes e forças incríveis e que não só moviam montanhas mas contaminava de afeto as pessoas a sua volta.
É verdade que nem sempre fora prestigiada e querida. Pois tinha o hábito desagradável de dizer com sinceridade o que sentia e o que percebia da realidade.
Deus, eu vos peço, protegei os sincericidas. Pois eles são por vezes, injustamente odiados e contestados. Todos querem a vida embrulhada em papel de presente, com laços fictícios, metáforas brandas e grande dose de hipocrisia.
Hoje, nessa manhã mais fresca do que fora a noite ainda não consegui dormir. Minha vigília mental se recusa perceber que estou de luto.
Por isso, vos peço, novamente, dê-me a maturidade necessário para sofrer com dignidade.
Sofrer sem fazer os outros sofrerem. Depois, dessa ousadia, prometo rezar as Aves Marias e os Padre Nossos de praxe e, prantear ainda, o que sinto. Como se fossem gotas de orvalhos sobre a derradeira primavera.
Amém. Saravá. Shalom. E, todos finais ritualísticos e religiosos para que a mágica das intenções junte-se à mágica das palavras e, que essas
amenizem os corações humanos.
P.S. Rogo igual recepção aos mortos amigos e conhecidos que sejam guiados para luz e para felicidade eterna.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 05/01/2019
Alterado em 21/01/2019