Toda mãe é de certa maneira a guardiã de nossa infância e de nossa história. A ternura que nos compreende e nos envolve com cuidados, conselhos e legados genéticos e inconscientes. Pertencemos a uma miríade presente na natureza livre, luminosa e complexa. Quando libertamos as pessoas de sua origem, de ser o que são em nossas vidas, passamos a enxergá-las como ser humanos finitos e falhos, também nos libertamos para alcançar outra dimensão que transcende a vida e a morte. Devemos nos permitir ao luto, vivenciar a tristeza, saborear as lembranças e deglutir mágoas e enganos. Quantas vezes falhamos exatamente com aqueles que mais amamos? Quantas vezes fui egoísta quando poderia ser generoso? Talvez mil vezes. Mas a saudade mais cruel é aquela que sabemos que jamais poderemos saciar... pois as pessoas partiram. Deixaram esse plano e libertaram seus espíritos para o infinito e para a luz. Mãe entende facilmente a gente com os olhos, possui a meiguice telepática das mãos, os cuidados com as palavras e com os gestos e, por fim, um amor inexplicável, repleto de contradições e receios. Vá em paz, minha mãe! Encontre-se e liberte-se de toda dor e de todo peso da existência humana. Fostes uma guerreira implacável e me deixou como herança a coragem e essa saudade que dói na alma. Ensinaste-me muito e agora que a lucidez me faz companhia, percebo o quão importante eras. E para sempre será!